terça-feira, 7 de maio de 2013

O dia em que se reflete

Quanto tempo, hein, querido blog? O inverno acabou, a primavera chegou (finalmente) e agora eu até comecei a fazer o meu trabalho de verão da bolsa. Mas não estou aqui para falar de invernos, primaveras, McGill ou como as aulas foram a mesma coisa do Brasil. Isso são assuntos de outros posts.

Estou aqui para falar de algo um pouco mais crítico... Estou aqui para falar de seres humanos, com seus hábitos, manias, motivações e desejos. Sou ninguém para avaliar o comportamento das pessoas, mas como qualquer macaco que passou pelo processo de evolução, acho que consigo enxergar padrões se eles se repetirem constantemente na minha frente.

"Enrole menos e vá para o post, Léo." você me diz. "Paciência, jovem Padawan." eu te respondo. Para que tanta pressa? Já que isso aqui (o blog) acabou ficando um pouco às moscas, então vamos fazer alguma coisa trabalhada, fluida e bem montada.

Estava eu conversando com a Isa (oi Isa!) quando começamos a perceber alguns detalhes engraçado do "modus operandi" dos intercambistas pelo facebook. A fórmula é simples e ela será explicitada no fim do post. Seria cômico, se não tivesse uma leve pitada de tragédia. Claro, querido leitor, que tal generalização, assim como todas as generalizações do mundo, se aplicam a 95% das pessoas. De qualquer modo, também, "o choro é livre".

Recomendo, antes de avançarmos bravamente para a próxima parte do post, a leitura do seguinte artigo (http://www.cartacapital.com.br/cultura/clicar-em-vez-de-viver-tornou-se-norma) da Carta Capital. Não é uma tendência apenas dos intercambistas, é claro, mas de qualquer um que começa a viajar por aí. A coisa só fica mais engraçada (se não trágica) com os intercambistas.

Ah, que fique claro. A própria composição do post entra no aspecto de "O Choro é Livre" e a mesma regra se aplica a minha pessoa. Se algo me incomoda, o meu choro é livre e eu faço o que eu quiser com ele. Darei minha solução no final do post.

Eu poderia começar praticamente de qualquer ponto do intercâmbio... Mas decidi retratar o "Festival das Tulipas" de Ottawa. A cidade é a capital do Canadá. Ela tem história e tal. Muita história. E prédios bonitos. Prédios muito bonitos em... fotos.

Acho que eu não preciso explicar muita coisa, mas mesmo assim, vamos lá.

Foi comum (infelizmente bastante comum) ver um "padrão de ação" nos posts nas mídias sociais (leia: Facebook). A grande questão não é você postar a foto sua fazendo pose do lado do prédio do parlamento de Ottawa. Não é você postar fotos suas no museu. Não é você postar foto das infinitas tulipas. É você fazer isso tudo enquanto você tá na viagem. Essa é a minha crítica. Só por que você tem um celular de última geração com um plano de 2 GB de dados você precisa postar a cada trinta segundos o que você faz?Você precisa tirar centenas de fotos e simplesmente jogá-las no seu Facebook apenas para ostentar alguma coisa? Pode ficar tranquilo, todos sabem que você está no Canadá/EUA/Europa. Todo mundo sabe que você está se divertindo pra caramba à beça, fica tranquilo!

O que me incomoda não são os posts. Não são as fotos e a felicidade. É muito bom que todo mundo se divirta no intercâmbio (apesar que se formos parar para pensar e criticar, é dinheiro público sendo jogado pro alto) viajando e tal. Eu realmente desejo que todo mundo tenha uma experiência agradável aqui. Não é meu desejo ver nego se ferrando, mesmo com as disparidades gritantes ente as univesidades (assunto de mais um post).

O que incomoda é a necessidade de ostentar alguma coisa. É a necessidade de não estar satisfeito com o que tem, mas querer ser melhor que alguém. Sempre. Não é incomum ler comentários baseando-se que "meu X é melhor que o seu Y". A regra é simples demais: Se você está em uma festa e ela é boa, você não vai sacar o celular, tirar uma foto e escrever "festa boa demais!". Você vai escrever isso no dia seguinte, na semana seguinte, porque nesse tempo você vai estar ocupado se divertindo! Isso não é uma corrida. Vai lá, se divirta, tira suas fotos e, no dia seguinte, ou quando você finalmente parar, você coloca elas no seu querido facebook, para ganhar os seus benditos likes de cada dia.

Então, antes de sacar o seu celular no auge do momento para postar alguma coisa simples e puramente por ostentação, pense se você quer fazer parte desse grupo supérfluo de pessoas que deixam de viver o presente para ter a sua "presença digital". Vale realmente a plena não aprender alguma coisa sobre o Parlamento (tipo que tinha uma torre com um sino que, quando ele pegou fogo [invadido] o sino tocou macabramente enquanto a torre pegava fogo) ou sobre o Canadá (que ele tinha, entre suas varias regiões, um "upper Canadá" e um "lower Canadá", um francófono e outro anglófono que foram unidos forçadamente, gerando faíscas dentro do país) simplesmente para fazer um post? É isso que você quer levar do seu intercâmbio? Fotos na sua bagagem?

Que tal levar um pouco de bagagem cultural, um pouco de conhecimento? Claro, claro, guarde as suas fotos, elas serão importantes no futuro. Mas nunca, nunca se esqueça que se você puder abrir a sua mente apenas um pouco, com uma nova informação, com um novo fato, isso vai ter um valor muito mais importante no fim do que uma mera foto. Afinal, não adianta nada você ter uma foto se o lugar só te parece mais uma construção bonita, ou mais um belo jardim. Você encontrará muitos outros lugares como estes ao longo da sua vida. O importante, no fim, é o que os fizeram ser daquela maneira.

Que tal começar a carregar um tipo diferente de bagagem?