sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Porque viajar não torna você melhor que ninguém.



Esse post é para quem adota o comportamento "High and Mighty" (também conhecido como "Holier than Thou") após a sua "viagem", não importando sua duração e lugar, simplesmente por ter viajado.

Dizem que a gente só sabe o valor de uma coisa em comparação com a outra. Dizem que sua percepção se baseia em referências. Lembre-se disso, querido leitor: referências. Referências são sua base, suas experiências passadas definem isso. O que você leu, escutou, entendeu, aprendeu, tudo isso conta para que você tenha referências e desenvolva o seu gosto.

Então, o que isso tem a ver com viajar?

A visão de "viajar" (e posso dizer com certeza de "sair em intercâmbio") consiste em uma espécie mística de "jornada de crescimento", onde você vai lidar com outras culturas, conhecer novos lugares, aprender sobre história, arte, pessoas e, se você tiver sorte, aprender sobre si mesmo. Vai ser o momento de enfrentar desafios, lidar com outro clima, com o desconhecido e todas essas coisas que puxam você para fora da sua respectiva zona de conforto. Parece que simplesmente viajar vai fazer você ir de um modo e voltar de um modo completamente diferente. Entretanto, querido leitor, vamos grifar o óbvio: Essa impressão está completamente errada. A verdade é mais cruel do que simples sonhos dourados.

Leia o título. Leu? Conseguiu ter alguma ideia de que caminho vamos seguir?

Aqui vai uma verdade: Não, você não se tornou "melhor". Pelo contrário, há boas chances de você ter se tornado alguém "pior". Você pode ter ido a monumentos históricos, você pode ter conhecido infinitas pessoas de infinitas origens, entretanto, se você não decidiu jogar velhos hábitos fora por causa disso e adotar novos, se você não decidiu se renovar, se você não decidiu ser mais maduro, se você não decidiu observar, aprender e comparar, você não vai ter crescido. Vai ter sido o mesmo de ter ficado em casa, assistindo televisão e indo todo dia no mesmo barzinho.

 A pergunta é: No fim, o que você vai levar da sua jornada? Os momentos serão apenas brisas frescas que atingiram o seu rosto no passado ou tijolos que efetivamente construíram alguma coisa? As bagagens serão apenas roupas e eletrônicos ou ela conterá algum conhecimento novo? Você foi capaz de fazer os positivos da cultura alheia de influenciar? Você foi capaz de realmente fazer amigos ou apenas conheceu as pessoas?

Você não se torna melhor simplesmente porque você viajou. Você não se torna melhor porque você acumulou fotos em praias, porque você jogou em cassinos, porque você foi em atrações turísticas. Você se torna melhor pelo modo que você deixou isso tudo te influenciar! Você se torna melhor pelos laços formados, pelo obstáculos superados (ou não), pelos sacrifícios e pelas escolhas. A questão não é de causa então efeito. É, se você permitir, causa e (talvez) efeito.

Você não deve seguir uma lista pré-determinada de "30 coisas para fazer antes dos 30" e nem "40 lugares para visitar antes do 40". Nada disso define quem você é (no máximo define quem escreveu ou define que você é facilmente influenciável), nada disso é tão pessoal quanto o que você quiser fazer de "diferente" e "novo". Isso é tão ridículo quanto fazer alguma coisa porque "todos fazem". Ou quanto é viajar para os mesmos lugares que todos viajam e fazer o que todos os outros fazem...

Não existem fórmulas mágicas mas, para nossa sorte, existe uma coisa chamada "vontade". 

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