sábado, 12 de abril de 2014

Sobre Diligência

Desde que eu voltei do Canadá, eu percebi umas coisas estranhas em algumas pessoas. Isso aumentou gradativamente até se sedimentar na minha mente e precisar ter escrito. Uma parte do meu cérebro diz que eu me tornei mais chato (mais do que eu já era) enquanto outra diz que as pessoas que eu convivia que não amadureceram como eu amadureci.

Um dos principais pontos que me incomodou o intercâmbio inteiro foi o fato de ver indivíduos que tinham a mesma bolsa que eu e que estavam no mesmo programa simplesmente "pouco se importando" com o programa em si. Não vou entrar no mérito do quão eficiente ele é, vou entrar no mérito do "eu vagabundeei porque eu quis". Sim. Eu chuto fácil que 70% não levava a sério a sua "viagem sem fronteiras". Não vou citar o garoto que fazia medicina e estava lá cursando ciências (nada a ver) e ainda pegava matéria de calouro, muito menos o garoto que fazia física, mas achou complicado pegar as matérias que podia cortar e decidiu fazer introdução a ciência. O problema é outro: É voltar ao Brasil e ver que pessoas bem mais próximas de mim adotam um comportamento similar.

Como? Vamos lá...

Eu costumo dizer que "Eu tenho um sonho" (parafraseando vocês-sabe-quem, por favor) de que "um dia eu estarei em um grupo que todos trabalhem". Sim, você pode dizer "porra Léo, é óbvio que num grupo sempre vai ter um vagabundo!" ; sim, isso até pode ser verdade: mas isso tá certo? Eu estou no meu penúltimo ano da faculdade, fazendo grupo do final das matérias e ainda vem um desgraçado (ou quem sabe dois, para ficar mais animado, ou até mesmo três!!!!1!) ficarem de encosto e pouco se importando.

A questão é simples: Somos um grupo ou indivíduos? Onde está o senso de dever, a diligência ou simplesmente a ética de "já que combinamos, vamos fazer nossas respectivas partes"?

Você pode responder "ah, mas se eles fazem nada, o problema é deles". Eu respondo: Claro que não. O problema é meu, totalmente meu, também. Afinal, no fim do dia, eles ficarão com a mesma "nota" que eu, mesmo que não tenham adquirido o conhecimento ou a prática. Mas eles se propagarão sem esforço algum. E qualquer meritocracia que possa existir vai pro espaço, simplesmente porque as pessoas são incapazes de fazer a sua parte.

É difícil? Eu acho que não. Eu já ouvi desculpas dos mais variados tipos mas, no fim, vejo que quem quer, faz. Sem desculpas, sem demoras, sem enrolação. Vai lá, faz e fim. Ponto final.

Então aí entra a diligência, uma das poucas boas características que eu acho que tenho: Faça a sua parte, sem se importar se a outra pessoa está fazendo ou não. Mas, no fim, faça a sua parte e se importe também para deixar tudo nos eixos e fazer as coisas andarem. Desculpem a generalização, mas se tem uma coisa que eu percebi é a porcaria do "brasileiro quer levar vantagem em absolutamente tudo", ou, melhor dizendo, pessoas em geral querem se comportar desse modo. E sabe como isso muda? Te garanto que não vai ser "escolhendo o menos pior" e "furando a fila do bandejão", mas sim fazendo a sua parte, pedaço por pedaço e, quando tiver a oportunidade, dar o exemplo e agir de um modo íntegro.

Sim sim, ver uma figura de autoridade sendo nada ética/diligente é causa sim de raiva e indignação, o que é mais um motivo para você quebrar essa corrente e fazer diferente. Porque, aparentemente, ser diferente e fugir da mediocridade é uma das tarefas mais difíceis do mundo hoje em dia.