sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Por que eu gosto de videogames? Parte I

Deixando um pouco assuntos dramáticos de lado, decidi falar sobre algo que eu considero bem legal: videogames! Okay okay, faz um bom tempo que eu não jogo as "coisas mais novas" (mesmo com o ps3 dando mole em casa) e não estou muito ligado nos jogos mais recentes (na verdade, acho que eles não tem mais a mesma magia daqueles jogos do passado...).

Mas o ponto aqui não é falar porque o jogo X é pop, tem gráficos bons, jogabilidade de gente... é mostrar como um jogo pode oferecer uma experiência muito além do entretenimento - se você decidir ao invés de apertar apenas um botão prestar atenção na história. Então, na minha mente, surgiram dois jogos de plataformas diferentes, que eu joguei em épocas diferentes e com mentalidade diferentes. Fiquei na dúvida para decidir entre qual eu escolheria fazer o primeiro post, então decidi talvez pelo de qualidade "inferior" (e no final do post vocês vão se tocar que, se esse de agora é o "ruim", o outro é muito bom). Aliás, esse jogo foi inclusive bastante influente em alguns detalhes do próprio blog, como vocês perceberão adiante...




Daqui pra baixo, é só SPOILER! Já que a maioria que vai ler nunca jogou (e nunca jogará) e quem conhece o jogo conhece a história, então acho que não teremos problemas quanto a esse detalhe.



Tales of the Abyss



Da esquerda para direita: Anise, Natalia, Jade, Guy, Mieu (coisa voando), Luke e Tear!

A série "Tales of", pelo que eu entendi, sempre tem uma história construída em torno de um "tema" que eles definem no começo do jogo. Nesse, o tema é "To Know the Meaning of One's Birth". Então, com esse tema um tanto quanto filosófico, acho que preciso explicar alguns pontos do jogo antes de chegar no ponto que eu quero.


O jogo retrata a história de Luke Fon Fabre, um jovem de 17 anos de família nobre que não pode sair de casa. Sim, ele é super-protegido e não pode deixar a sua "mansão residência". Isso se deve ao fato que, quando ele ainda era criança, foi sequestrado e ficou "sumido" por algum tempo. Como ele era um nobre, sua família ficou "traumatizada" e agora o mantém preso. Essa "super proteção" é o principal fator que tornou Luke um jovem arrogante, orgulhoso e chato, muito chato. É impressionante o número de "besteiras por segundo" que ele fala no jogo com os outros personagens.

Um detalhe importantíssimo: Desde o dia do sequestro, a memória de Luke foi totalmente apagada. Quando foi resgatado desse evento, ele se lembrava de absolutamente nada. Não sabia andar, falar ou qualquer coisa do tipo. Ele teve que reaprender a fazer tudo.

O jogo começa (não se preocupem, não vou contar toda a história do jogo) quando o Luke se envolve em uma confusão na sua mansão. Pelo que eu me lembro, o mestre dele é atacado e ele começa a lutar com o "assassino". Dá uma confusão e ele vai parar do outro lado do mundo (explicações não são importantes).

O ponto é: Luke agora tá finalmente fora de casa. E o que um moleque que nunca foi pra fora de casa faz quando ele vai pela primeira vez? Besteiras, muitas besteiras, nivelando por cima. Mesmo acompanhando pela jovem Tear - a que tentou assassinar o seu mestre (mestre do Luke e, na verdade, irmão dela!!!) - que agora lhe orienta como uma mãe, Luke faz besteiras dignas de alguém que simplesmente nunca havia vivido. Exemplo: ele não paga por uma fruta que ele comeu simplesmente "porque a sua família pagaria por aquilo". Detalhe que ele não estava nem mais no mesmo país onde ele morava antes...

A história então começa a progredir. Luke é um cara importante, nobre, então, ele ter sumido não é legal. Ele ter sumido para outro país é pior ainda, porque o reino onde ele mora pensa que foi uma espécie de sequestro. Tudo piora quando o "reino" e o "império" (onde ele foi parar) estão na iminência de uma guerra. Guerra essa por um motivo curioso...

No mundo do jogo, existe uma coisa chamada Score. É uma pedra que contém o "destino de tudo". O que o pessoal faz é "ler o Score" e saber o que acontecerá no futuro. O problema é que a população do jogo se tornou dependente dessas previsões para tudo e qualquer coisa... tipo... fazer o almoço. Logo, o "reino" e o "império" simplesmente vão tentar matar um ao outro porque... está escrito no Score.

Entenderam o "absurdo" ? Uma pedra... prevendo o futuro. Malditos horóscopos! Dominaram o mundo!

Mas claro que existem as "pessoas com bom senso" que gostariam de impedir a guerra. Elas se unem e começam a fazer o possível - via diplomacia - para impedir que esse tipo de evento aconteça. Assim como existem aqueles que querem que o mundo "se exploda". E eles querem que "tudo se exploda", simplesmente para que a maldita pedra não dite o futuro.

Então, temos dois lados no jogo e nenhum deles é absurdo:
1) "Proteger" o mundo, fazendo com que o Score permaneça e seja visto apenas como UM dos caminhos.
2) "Destruir e reconstruir" o mundo, acabando com toda a palhaçada.

Algum deles está certo ou errado? Realmente pode ser meio absurdo destruir o mundo, mas, se for pra acabar com essa coisa de "falarei com uma pedra para ver se meu café da manhã será torrada com geleia ou manteiga", não parece tão absurdo.

Aliás, toda essa ideia do Score sendo uma "Ordem Religiosa" é uma crítica e tanto envolvida no jogo... pessoas presas por um destino, fazendo tudo que lhes é dito. Aliás, eles cobram - muito - por essas "leituras". Qualquer coincidência com a realidade é um mero detalhe.

Então, temos o "grupinho do bem", formado por (reparem nas leves ironias!):



Luke Fon Fabre - O nobrezinho-mimado. Começa como um babaquinha, termina como um herói. Personagem muito interessante de ver a evolução, principalmente quando TODOS abandonam ele porque ele simplesmente explode uma cidade inteira, matando umas 200 mil pessoas, por seguir o "mestre vilãozão" e encostar no que não devia. "Activate, foolish replica" é a frase marcante. Ah sim! Luke é uma "Réplica". Imaginem isso como um "clone da mesma idade" de outro indivíduo. Por isso a memória dele é um lixo: ele nunca viveu para ter memória antes de ser "criado". Todas as besteiras que ele fazia era simplesmente porque ele tinha a idade mental de uma criança... Imaginem a pressão que ele sofre durante o jogo inteiro.



Tear Grants - A garota-misteriosa que quase matou o Luke e agora ensina a ele sobre o mundo. Irmã do vilãozão. No começo é fechada, focada nos seus objetivos e blablabla. Depois, continua fechada, mas acaba se apaixonando pelo protagonista... hehe.


Jade Curtiss - O cara velho do grupo, de 35 anos, alto posto no exército do "império". Sarcástico, irônico, um pouco cruel, sempre tem uma tirada para zoar um dos personagens e sempre sabe o que está acontecendo. É o culpado por 95% da problemática de todo o jogo. Ele é que criou a teoria que permite fazer as "réplicas" (logo, seria algo como o pai do Luke).


Anise Tatlin - Menininha fofa que usa um bicho de pelúcia gigante para matar os inimigos. Tá vendida para a "Ordem Religiosa" que controla o Score, porque seus pais devem muito dinheiro para essa ordem.


Guy Cecil - O servo (sim, servo) de Luke. Jurado a protegê-lo. É traumatizado porque toda sua família/casa foi morta pela casa Fon Fabre (irônico, não é?). Ainda por cima, como ele sobreviveu apenas porque foi soterrado pelo corpo das suas empregadas, ele tem pavor de mulheres (não consegue nem ficar perto de uma).


Natalia Luzu Kimlasca-Lanvaldear - Princesa do "reino" (Kimlasca-Lanvaldear) e protetora dos fracos e oprimidos. Coração puro, bonitinha, papo filosófico e altamente teórico. No fim, não é princesa de verdade coisa nenhuma (adotadaaaaaaa), mas mantém o espírito nobre e dá uma lição de moral mostrando "o que é ser uma princesa de verdade". Pode parecer uma personagem boba e sem sal, mas com o decorrer do jogo se aprende a gostar dela.


Logo, podemos ver que todos os personagens tem sérios problemas em sua vida, isso sem conter a relação deles com os "inimigos" e tal. Isso, na minha opinião, dá um bom charme ao jogo, porque a "trama" de cada um está tão entrelaçada no jogo que cada pequeno detalhe gera um evento que relaciona dois ou três personagens... Cada um deles tem um passado "problemático" que fez com que eles se moldassem de tal maneira que, no fim, cada um carrega as suas dores enquanto luta pra salvar o mundo.

Mas peraí... se o Luke é uma Réplica... quem é o seu "original"?

Ah sim... todo o jogo ruma justamente para a pergunta lááá do começo! "Saber o significado do nascimento de alguém". Vamos entender: Luke é NINGUÉM. Ele não é o "verdadeiro Luke", ele é uma simples réplica. Por que ele existe, então?

E o que aconteceu com o "verdadeiro Luke"? Mas peraí... O "verdadeiro Luke" tinha prometido, quando criança, ficar para sempre com a Natalia! O "verdadeiro Luke", no fim, também perdeu tudo o que tinha... Ele virou um soldado, sem mais passado e sem mais futuro...

E o jogo culmina numa das cenas mais épicas que eu já presenciei num jogo... Quando o "falso" e o "verdadeiro" lutam para descobrir quem eles realmente são. Quando eles deixam de lado os rótulos e decidem se enfrentar. A minha intenção no post era realmente mostrar essa cena e esse diálogo. Lá vai:


(pulem a lutinha, é claro! Ela termina nos 8:05)

Essa cena culmina na "evolução" do "Luke Réplica". Do garoto-mimado, ao longo do jogo, ele se torna alguém responsável, um herói, que luta pelo que ele acredita e está disposto a fazer os sacrifícios necessários.

Por essa demonstração da evolução do personagem, pela complexidade de todos os personagens e da sua trama, pelo trabalho de desenvolvimento bem feito no jogo, para criar o mundo, a história e a ciência do jogo, por tudo isso Tales of the Abyss é um dos meus jogos preferidos, sem dúvida alguma.

A melhor parte é que os jogos da série "Tales of" dá para jogar com o pessoal, cada um com um personagem! 4, no total! 

Quem tá a fim de jogar? :)

Nenhum comentário:

Postar um comentário