quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Por que eu gosto de videogames? Parte II

BANG!

Você acorda numa espécie de quarto, sozinho. Sua cabeça dói. Você está meio tonto, mas se levanta. Você começa a examinar o lugar. Uma beliche, um espelho, um pequeno armário, uma maleta sobre a cama. A maleta está fechada.

Você se aproxima da porta e toma um susto. BANG!

Um grande 5, pintado em cor vermelha - realmente parecido com sangue - está escrito por cima da porta. Ela está trancada. Perto da fechadura, existe uma espécie de leitor de cartões. Nesse momento você percebe que em seu pulso existe uma espécie de relógio com um grande "5" desenhado. O que tudo aquilo significa?

Imerso nas dúvidas, você ouve o barulho de vido estourando. A única janela do seu quarto - que mais parecia uma escotilha - estourou! E agora, a água jorra para dentro do seu quarto. Você tem no máximo cinco minutos para escapar...

Mas uma memória volta para a sua mente: Você estava em seu quarto, sozinho, preparando-se para dormir, quando ouve o barulho de vidro quebrando. Lentamente, uma fumaça branca toma conta do lugar e tudo o que você vê é um indivíduo com uma máscara de gás andando na sua direção...

É assim que um dos meus jogos preferidos, 999: Nine Hours, Nine Persons, Nine Doors começa! Esqueçam aquela coisa de apertar botões loucamente, de pegar os equipamentos certos para o personagem ficar forte... o foco aqui é totalmente a história. Como vocês podem ver, o jogo tem uma brincadeira com os números... vamos falar um pouco sobre o enredo.

Você é Junpei, um estudante japonês que foi sequestrado por um indivíduo denominado "Zero" para participar do "Nonary Game". Mas, peraí! Você descobre que não está sozinho no jogo! Existem outras oito pessoas, totalizando nove e adivinha só... Cada uma carrega um relógio que nem o seu, mas com números entre 1 e 9! E, logo no começo, você encontra outras duas portas, com dois números diferentes!

O jogo funciona da seguinte maneira: Grupos de 3 a 5 pessoas devem ser formados para abrir as portas e atravessar os desafios de cada sala, até elas encontrarem a porta com o número 9 para sair. Mas aí tá um detalhe legal: Para abrir a porta 7, por exemplo, a soma dos dígitos dos participantes deve ser "7". Um exemplo seria o time com o "3, 4 e 9", já que 3+4 = 7 + 9 = 16 => 1 + 6 = 7! Como formar o time certo para atravessar a sala, superar o desafio e ainda abrir a porta 9 no fim?

9 pessoas, 9 portas... E você ainda tem só 9 horas para escapar!

Por que aquelas pessoas estão ali? É uma das primeiras perguntas que você se faz.
Qual a relação delas com o jogo? É mais uma.
Posso confiar nessas outras pessoas? Você se pergunta isso durante o jogo todo!

Da esquerda para direita: Lótus (8), Seven (o grandão, 7), Santa (3), June (6), Junpei (5), Ace (1), Snake (2), Clover (4) e O Nono (9). Em quem você pode confiar? Julgará pelas aparências? Boa sorte...

É muito difícil não dar spoiler sobre o jogo, já que o foco dele é realmente na história!

Uma curiosidade sobre o Léo: Ele se RECUSA a ficar jogando videogame até tarde. Ele prefere ir dormir. Para esse jogo, eu tive que abrir uma exceção. Enquanto estava no final dele, eu devo ter jogado das 18h até as 2h da manhã, porque cada MALDITO SEGUNDO tinha uma reviravolta e revelação na trama, de tão sinistra que ela estava. Cada personagem tem uma história envolvendo algum aspecto do jogo Nonário...

Por exemplo, logo no começo você descobre que você está em um navio que está afundando! Mas peraí... não é um navio qualquer... é o TITANIC. Okay, okay, não é o Titanic, é um "navio irmã" dele, o chamado Gigantic, que foi inclusive utilizado na primeira guerra mundial. Sabiam desse papo de "navio irmã" ? São navios fabricados no "mesmo molde", mas que são usados de maneira diferente... Se tu acha que é sacanagem minha, acesse o link e leia!

O jogo começa a misturar a "parte do jogo" com um pouco de "história real", o que, na minha opinião, dá um ar muito mais divertido ao jogo. E essa é só a primeira das "coincidências" que a trama começa a lançar... Querem mais um exemplo? Já ouviram falar da história da múmia do Titanic? É pessoal...

O jogo então, começa a misturar essas "lendas urbanas", com um pouco de ficção (já ouviram falar sobre ICE-9, o gelo que derrete apenas a 45ºC ?), misturando tudo de uma vez só, jogando na trama e usando isso para pouco a pouco fazer uma história bem encaixada e complicadíssima de ser explicada...

Eu poderia tentar falar mais, muito mais sobre o jogo, descrever cada personagem, suas ligações, mas o que eu recomendo mesmo é jogar o jogo. Ele segue o estilo "visual novel" (algo como uma história que você vai simplesmente acompanhando e tomando as decisões) e não é preciso ser um hardcore player para se dar bem nele. Afinal, é bem comum que, por pegar um caminho errado na história, você morra algumas vezes.

Esse, aliás, é o único pronto que eu critico no jogo: Quando você pega um caminho errado e acaba morrendo no fim, você meio que desanima... Eu pessoalmente tive a sorte de fazer o "caminho bom" e o "caminho verdadeiro" antes de me divertir vendo como o personagem morria nos finais "errados".

Aliás, o modo como a história é contada é sensacional. A narração do jogo realmente faz você se sentir dentro do jogo, a trilha sonora é muito boa, os momentos de tensão são sensacionais, além da evolução dos personagens encarando aquela complicadíssima situação para sobreviver... A única parte negativa é que os quebra-cabeças podem ser meio chatos, do tipo "isso aqui tá ficando chato já", mas é pensado de modo que os personagens vão te ajudando, em caso de dicas, caso você comece a demorar muito!

Joguem, joguem e joguem! Recomendo! Afinal, restam apenas 9 horas!

PS: Tenham medo da Clover.

PS2: Para vocês terem noção, o jogo não é "Jogos Mortais"! Lá pro final do jogo, depois de conhecer a história dos personagens, você percebe que o menos importante talvez seja o objetivo de "sair do Navio", mas sim "descobrir toda a verdade que cerca o Nonary Game".

PS3: Se for jogar, prepare-se para ser apresentado à teorias científicas um tanto quanto interessantes.

X - Roda da Fortuna


A carta número 10. O Destino, a Sorte, o Acaso. O Início, Meio e Fim. A Roda da Fortuna representa as guinadas que o destino toma de vez em quando: O que está em cima cai, o que está embaixo sobe. As engrenagens do universo se movem, presas uma a outra, em um constante e imprevisível fluxo.

Essa também é uma das minhas preferidas (claro, eu só falo das minhas preferidas!). Pra mim, ela nos diz algo como "Não importa se você está no alto ou embaixo. Uma hora você vai cair ou vai subir. Você não pode impedir o giro do destino." Isso, porém, não significa que não podemos usar do momento o melhor possível para nós. Enquanto estiver em cima, aproveite o máximo. Enquanto estiver embaixo, evolua ao máximo. Faça seus voos serem altos e suas quedas serem baixas e, no fim, seus altos e baixos oscilarão muito acima dos da maioria! Afinal, se você ficar parado, prepare-se para cair muito e subir pouco...

Agora, faltando dois dias para a minha viagem para o Canadá, eu vejo que nos últimos tempos a Roda do Destino tem girado freneticamente para mim... Se o universo tá conspirando alguma coisa ao meu favor, me dando oportunidades e desafios, então eu vou pular dentro desse fluxo e guiá-lo de acordo com a minha vontade (carta da Força, por favor!) e fazer os meus planos funcionarem talvez com um pouquinho de talento (Mago!). Agora essa nova jornada vai começar... hora de encará-la de frente.

Aliás, pelo que eu li, quando a Roda da Fortuna aparece, ela quer basicamente dizer "Espera que os planos vão se concretizar."  Algo como seus planos renderão frutos. É sempre um bom presságio!

Ansiedade é uma porcaria, mas controlar é extremamente complicado. Está perto, muito perto. Hora de arrumar as malas!

Que as engrenagens do destino continuem a se mover!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Conto Natalino

Era um agradável dia de inverno naquela cidadezinha. Por agradável entenda que nevava bastante. Lá onde os flocos de neve se formavam, nas nuvens de algodão fofas e quase comestíveis, estava um peculiar floco de neve: Flocolino - que algumas vezes se autodenominava Flocolicious - era mais um daqueles flocos de neve que nascia e agora olhava a cidade lá embaixo, torcendo para cair em algum lugar em legal. "Eu vou virar um boneco de neve! Yay!" A confusão de flocos de neve era quase infinita: Dramático falava que iria cair no esgoto - "Eu sou sempre tão azarado, mimimi!", Gelado estava espirrando - "Atchooooooo!", Esquizofrênico estava bem... esquizofrenando, achando que era um meteoro de gelo que iria obliterar a cidade - "Curvem-se perante o Meteoro de Gelo!". Já o Redondo - o maior floco de neve - estava comendo a nuvem de algodão doce para crescer ainda mais - "Tem gosto de frango!".

O vento soprou, a nuvem balançou e logo estavam todos os floquinhos de neve caindo, junto com alguma água, pedras de gelo e muitas outras coisas. Eles gritavam, dançavam e choravam de alegria. Flocolino correu pelo ar, deslizou em círculos, bateu em outro floco de neve, viu seu amigo Esquizofrênico gargalhando que iria explodir tudo, enquanto o Dramático chorava e o Gelado mudava a cada rota após um espirro. Redondo, por sua vez, batia em água e engolia outros flocos de neve.

Estranhamente, todos eles foram rumando ao mesmo lugar, levados pelo vento e pela sorte. Caíram perto de uma casa, onde seria o quintal e encontraram uma infinidade de outros flocos de neve. Dançaram felizes e contentes e fizeram planos. Flocolino queria ser um boneco de neve, mas apenas um pequeno grupo dos flocos tinha essa sorte. O resto era pisado, esmagado, tinha sal jogado em cima e depois escorria pelo ralo. Mas Flocolino não desistiu. Mesmo que a vida dos flocos de neve fosse difícil, ele tinha sonhos e personalidade.

Flocolino começou a girar de um lado pro outro, acumulando neve, olhando para a casa do lado e esperando que alguma criança saísse de lá. Então o terremoto surgiu e ele percebeu que duas crianças corriam na sua direção, dançando na neve, pulando de um lado pro outro, fazendo bolas de neve e se divertindo. Um sorriso surgiu em seu rosto quando a criança fez uma bola de neve envolvendo-o e jogou-o em um monte de neve. Logo estava envolto por outros flocos de neve que, lentamente, agora tomavam a forma de um boneco de neve.

"Serei um boneco de neve, serei um boneco de neve!" Ele gritou feliz, e logo percebeu que todos os seus amiguinhos estavam do seu lado, sendo jogados de um lado para o outro. Riram, cantaram sobre a neve fofa e o gelo frio, enquanto o boneco de neve se formava. Flocolino e seus amigos subiram, para ficar no topo da cabeça do boneco de neve.

A grande magia acontecia agora: O Boneco de Neve precisava de uma "consciência". E isso era conseguido na base da luta entre os flocos de neve, entre os que queriam, é claro. Era muito mais simples descansar e ficar ali. Mas Flocolino queria explorar o mundo, então, ele decidiu lutar. Lutou e lutou contra muitos flocos de neve, na arena suprema do flocos de neve (vulga barriga do boneco de neve), tendo que vencer outras centenas de inimigo. No fim, ascendeu ao posto de Floco Mestre. E o Boneco de Neve Flocolino nascia ali.

O Boneco de Neve Flocolino tirou foto com as crianças, brincou com elas, tomou bolas de neve no rosto mas, no fim, foi poupado da destruição das crianças. O frio havia ficado pior e, por isso, elas entraram na casa delas, antes de dizimá-lo. Agora, Boneco de Neve Flocolino estava do lado de fora e podia andar de um lado para o outro - era só ninguém ver um monte de neve andando que estava tudo bem. Tinha seus bracinhos de graveto, seu nariz de cenoura, seu cachecol maroto e seus olhos de alguma coisa negra cujo autor esqueceu o nome, sem contar a sua cartola de gentleman das neves.

Andou pela cidade, correndo pela noite, vagando e vagando. Olhava dentro das casas e as pessoas, na maioria, estavam em seus computadores ou assistindo televisão. Foi numa dessas televisões que ele viu um programa com mulheres com pouca roupa, em um local quente. "Brasil", era o nome do lugar. Não pode negar que se apaixonou pelo lugar. Porém, aquilo era contra a sua natureza: Como poderia um Boneco de Neve sobreviver ao calor de um país tropical?

Correu, triste, chorando e suas lágrimas se tornaram gelo. Queria ir para aquele país caliente e carismático! Por que deveria ficar preso em um mundo branco e de neve? Pensou que, invariavelmente, ele derreteria e deixaria de existir com o fim do frio: Ele tinha um prazo de validade. Não valia a pena então seguir o seu sonho? Não valia a pena se sacrificar por ele? A neve caía envolta do seu corpo, naquela noite gelada e fria. Pensou, pensou e pensou. Como ele poderia viajar até lá?

"Fácil! Você pode pegar um voo até lá!" Ouviu aquela voz do seu lado. Virou-se e viu um filhote de cachorro. Um filhote de husky siberiano, preto no branco que fitava-o com seus grandes olhos negros. "Sou o cão leitor de mentes, Hus! Olá Flocolino da Neve! Eu te conheço faz cinco segundos, mas já te acho irado! Coça a minha barriga?" Comentou, virando sua barriga para receber carinho. Flocolino coçou-a, surpreso. Um cão que lia mentes. Noites natalinas eram mágicas.

Correu com Hus na direção do aeroporto e logo pularam a cerca, vendo os aviões que iriam decolar. Subiram em um e entraram na geladeira. Ficaram escondidos lá durante longas horas. Foram para um lado e para o outro, jogados loucamente, ao ponto que Flocolino perdeu até o nariz, esmagado. Quando o movimento finalmente parou, Hus foi o primeiro a sair.

"Vou lá fora ver, fica tranquilo aí. Hus em missão de reconhecimento!!!" E saltou para o lado de fora. "Calor de cachorro!" Gritou, logo ao sair. Os minutos passaram vagarosamente, mas logo uma batida soou na geladeira. "Sou eu, o cão mais sinistro de todos! Estamos em um local quente demais! Trouxe um isopor com gelo, sobe aí!" Ele comentou. Flocolino subiu no isopor e afundou-se ali, sentindo a água desmanchar parte do seu corpo. "Hus, eu gostaria de lhe agradecer... Mas, por fazer o meu sonho, minha vida acabará aqui. Obrigado por tudo, amigo!" Flocolino comentou, sabendo que ali seria o seu fim.

"Relaaaaaaaaaaaxa! Você vai terminar a sua vida feliz! Fico contente por ter te ajudado. Segure-se firme, vamos nos divertir!" Gritou Hus, puxando o isopor com os seus dentes - tinha uma fitinha para ele segurar - e correndo loucamente. Correram, correram e Flocolino sentiu o vento quente no seu rosto. Sentiu o espanto das pessoas. Sentiu seu rosto começar a derreter, mas seus olhos observaram tudo. O sol quente. As pessoas. O calor batendo em suas bochechas. Abriu um sorriso, agradecendo ao Hus por cada momento.

E então viu aquele chão dourado que se encontrava com o mar azul na espuma branca. Seus olhos abriram-se imensamente ao ver a praia. Seu corpo já havia quase derretido completamente e agora ele e Hus estavam no meio da areia. Saltou para fora da caixa. Sentiu os raios de sol atacarem o seu corpo. Lentamente sumiu. "Obrigado Hus!" Gritou, enquanto o cão latia a sua volta, pulando, rindo e se divertindo imensamente. Havia realizado o sonho de um amigo e isso era o suficiente para ele.

Naquele momento, porém, Flocolino descobriu a sua real identidade. Ele não era um Floco de Neve. Ele era um Grão de Areia. E, ali, naquela praia, ele encontrou outros Grãos de Areia. Seus irmãos. Perdidos. Deu mão a todos os outros e logo ali surgia o Flocolino das Areias. Era um Boneco de Areia! "Oi Hus!" Gritou, enquanto o cão se surpreendia com o Boneco de Areia que ali surgia. Seu corpo agora era dourado, seus braços e pernas feitos de areia. "Caramba, que legal! Agora você é de areia! Tome cuidado com os gatos! Mas eu te protejo deles! Eu mordo gatos no café da manhã!" Hus saltitou a sua volta, latindo alegremente. E assim Flocolino e Hus puderam aproveitar o verão daquele país quente, apreciando o sol, o calor e as mulheres - e as cachorras [não confundir com a variação mulher-cachorra, por favor], no caso do Hus - com pouca roupa. E, claro, umas caipirinhas de vez em quando!

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Acho que vocês são capazes de entender a magnífica mensagem e lição de moral existente na historinha! Quando acharem-na, me avisem!

Feliz Natal para todos! :D

sábado, 22 de dezembro de 2012

Contagem Regressiva

30 dias.
.
.
.
14 dias.
.
.
.
7 dias.

Quando você percebe, dá para contar com as duas mãos quantos dias faltam: 6 dias.

Ansiedade? Acho que chegou num ponto que tentar controlá-la é como tentar apagar um incêndio usando gasolina!

A mente começa a viajar loucamente pensando em como será lá, como será a neve, como será o alojamento, como serão as pessoas do alojamento, como será a cidade, como será a vida na cidade... Já era, qualquer concentração vai pro espaço.

É uma sensação um tanto quanto estranha. Não poderia ser diferente: Quantas vezes eu já viajei para outro país, para ficar um ano lá, tendo que me adaptar a uma outra cultura, a um outro mundo? NUNCA. Mas "medo" não está presente: Tenho absoluta certeza que conseguirei aguentar os desafios e superá-los. Vou crescer, vou ficar mais forte. "Ansiedade" é realmente a palavra. Aquela vontade de antecipar o futuro, de trazê-lo para perto.

Por isso eu me foco no "presente". O que tiver que acontecer lá, vai acontecer lá! Quero aproveitar isso aqui. Quero correr, quero ir malhar, quero fazer posts no blog. Não quero ficar sentado, esperando o que só o tempo vai trazer.

Já me falaram que, se não criamos expectativas, não nos decepcionamos. Essa é a mais pura verdade, no fim. Então, não quero esperar qualquer coisa de lá. O que acontecer eu vou aproveitar e vou fazer ficar ao meu favor.

Um ano. 365 dias. Neve, frio de verdade. Como eu vou voltar? Não tenho a mínima ideia, mas sei que não serei o mesmo. Bom, ruim? Acho que será bom, muito bom. Mas pretendo fazer um post sobre isso ainda...

Vejo agora que o meu esforço vai finalmente culminar em um evento. Despedidas feitas, "até logo" ditos, lições aprendidas. Hora de abrir as asas, virar as páginas e voar.

Voar alto, porque o chão não é o meu lugar.

VIII - A Força


Essa é uma das minhas preferidas! A Força! Essa aí pode ser VIII ou XI e eu não sei o motivo, então, habilmente pularei essa parte. Uma coisa que eu descobri enquanto lia sobre ela na Wikipedia é que ela era antigamente denominada "Fortitude". "Força", porém, me parece um nome muito mais legal...

Não, não estamos falando de "força bruta" nesse momento. O importante aqui não são quantos quilos você é capaz de arrastar ou o quão longe você consegue arremessar um objeto. Não é UFC. Força bruta pode ser importante - destruir paredes com socos deve ser o máximo! - mas o mundo não se resume a uma "porradinha de Dragonball Z", infelizmente!

Olhem mais uma vez para carta. Existe uma mulher segurando um leão (sim, o bicho ali é um leão, reparem na juba). Um leão, nessas "paradas místicas" é sempre um símbolo de força, realeza e tal... e ela segura um leão com um "colar de flores" (reparem nas florzinhas em volta da juba dele). Um frágil colar de flores. Desde quando um colar de flores segura qualquer coisa? Acho que um colar de flores não consegue sustentar nem o seu próprio peso!

É exatamente isso que a carta representa, no fim. Força. A mais pura e simples força. O domínio da brutalidade pela... força. Não a força bruta, mas a Força Interna. Determinação. Vontade. Autocontrole. Por que eu gosto tanto dessa carta? Porque ela demonstra que a "força de verdade" não está do lado de fora, não está nos seus músculos ou em um objeto... ela está dentro de você. Adormecida, talvez, mas querendo acordar.

Não depende dos outros. Não depende de nada de fora. Depende única e exclusivamente de você. Soa meio auto-ajuda? Talvez seja. Mas ninguém pode te ajudar, só você pode se ajudar. Então se ajude, caramba! Ou tu vai esperar que algum santo lhe estenda a mão? É bom esperar deitado.

Serenidade, Compreensão, Disciplina são outras palavras chaves. Já agiu tendo total convicção de alguma coisa, sabendo que que do começo ao fim quais seriam os resultados? Estabilidade, Perseverança, Suavidade. Acho que aí entra a parte da "Fortitude". Você precisa ter a "Força" para aguentar cada um dos obstáculos em seu caminho, superá-los e continuar rumando ao seu objetivo.

Moral da história: A Força está dentro de você. Use-a, antes que a usem por você. Atropele o mundo, para não ser atropelado. É matar ou morrer!

Então, que tal usar parte dessa forcinha que existe dentro de você?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Manual (quase) supremo do Intercambista - Parte 1: Antes de chegar no exterior



Eu decidi ajudar o pessoal do intercâmbio. Mas especificamente, decidi ajudar o pessoal que vai tentar intercâmbio pela UFRJ, minha faculdade e para o Canadá, modalidade CBIE, escolha que eu fiz. Esse manual vai ter informações que servirão para todos? Com certeza! Só será voltado especificamente para essa situação. Não garanto que serão informações úteis e revolucionárias. Isso é problema seu, não meu!

Mãos à obra, então! Pretendo fazer o texto leve e cheio de humor, contando minhas experiências, meus erros e minhas opiniões. Preparem-se, intercambistas, porque agora a pancadaria vai começar...

Primeiro, deixem-me ser um pouco grosso e perguntar: Você está realmente motivado para o intercâmbio? Isso aqui, infelizmente, não é conto de fadas! Prepare-se para o estresse, prepare-se para o frio (caso do Canadá)! Vai ter um monte de gente "sem braço" (nenhum problema com quem não tem braço, a expressão é pra dizer que não tem cérebro mesmo) que vai falar besteira. Você vai ficar um ano fora, longe de casa. Você aguenta? Se você respondeu "sim", você está errado. Você não sabe. Você só vai saber quando pisar lá fora e começar a sua vida (a não ser que você já tenha experiência, aí a história é outra!). O mesmo, inclusive, se aplica pra mim. Será que eu vou aguentar? Quero nem saber, vou mergulhar de cabeça nisso e lutar até o fim. Que venha a FROSTBITE!

Então, a lição aqui é cala a boca e presta atenção. Você não sabe nada, Jon Snow! Nem eu, que estou escrevendo isso aqui, sei alguma coisa. Lição grande, mas é a mais importante.

Logo, tendo em mente que "nada sei", estilo filósofo mesmo, bem-vindo ao manual!

TESTE DE PROFICIÊNCIA

Eu fiz o TOEFL, modalidade IBT. Aquele no computador. Meu conselho é simples: ESTUDA MUITO. Eu voltei no curso de inglês, aproveitando as grévias (férias + greve) da faculdade, só pra pegar o livro e o CD deles do TOEFL e estudar em casa. Fiz aula de conversação durante tardes inteiras, para reforçar o meu inglês. Com crianças. Evite aulas com crianças, se possível. Se você não consegui afundar-se no inglês por um tempo, planeje os estudos durante a semana. Um pouco de cada vez deve dar certo.

Sendo sincero, acho que esse teste é simples se você já estudou absurdos anos de inglês na sua vida. Reading e Listenning tem nada demais. Talvez o Speaking e o Writing sejam os mais complicados. Para os primeiros dois, ouvir e ler, ouvir e ler, ouvir e ler é o mais importante. Pegue o CD e faça TUDO. ABSOLUTAMENTE TUDO. E, com o tempo, você pega a prática.

O Speaking... veja vídeos na internet com modelos de resposta. Grave a sua resposta. Repita MIL vezes, se necessário, até ela sair fluida. Depois disso, passe para a próxima. Aprenda cada uma delas. Treine, treine muito! Eu fiquei tardes gravando minha voz, ouvindo de novo, regravando, ouvindo de novo, até a resposta ficar fluida.

Writing... Escreva. Escreva que nem um condenado. Veja modelos, compare, conserte erros, melhore.

Não se esqueça, caso você vá fazer o TOEFL, de selecionar as universidades para enviar de graça o seu resultado. No meu caso escolhi as 3 universidades e o CBIE (órgão "mediador" do intercâmbio). Não se esqueça de pedir pra enviar pra sua casa também. Senão, 18 doletas para cada envio.

Não tem segredo: Determinação é o caminho. Não tem fórmula mágica.

INSCRIÇÃO NO FUNDÃO E NO SITE DO CSF

Essa parte não tem complicação, só burocracia! Fica observando o cronograma do site e, para o caso do fundão, o site do PR2. Quando chegar a hora, você vai ter que pegar todos os seus documentos (listarei tudo exagerado aqui, daqui a pouco) e se inscrever nesses sites, para essa parte você vai precisar de:

- Histórico Oficial : Pega na secretaria, pede cópia também. Peça cópia de tudo, aliás.

- Boletim Oficial : Idem. Existe oficial disso? Nem sei mais. Pega o Boletim Oficial, se existir.

- CRID : Nem sei se precisa, mas se garanta.

- Comprovante de IC : Um pedaço de papel que o seu orientador (ou qualquer outro cara responsável por um departamento, por exemplo, caso você tenha sido monitor) escreva que você trabalhou pelo tempo X. ARRANJE O CARIMBO DESSA PESSOA. Se ela não tiver, arranje o carimbo de um chefe de departamento, pedindo para ele escrever que está ciente da situação. Aparentemente, estamos no SÉCULO DEZESSETE para você precisar da porcaria de um carimbo. Só faltam pedir o selo real dos Lannister, sinceramente! Joffrey decreta que esse documento é verdadeiro.

- Resultado de Proficiência : Nesse momento, é bom já ter o teste de proficiência. Se você não tiver, permita-me mostrar a Gambiarra #1 do Manual: Se vocês precisarem do resultado do toefl ASAP, podem discar para 08000313711, selecionar a opção "1" (ou o equivalente de "falar com o atendente") e mandar um "olha, sou do CsF e gostaria do meu resultado enviado por e-mail". Ele vai perguntar o seu nome, seu número de estudante (lá do registro da ETS) e o e-mail (acho). Em 2-3 dias você recebe um pdf trancado com senha com o seu resultado oficial. Você pode gerar um outro pdf a partir desse, para ter um pdf sem senha com o seu resultado oficial. Sim, ele é o resultado oficial. No caso do Canadá, serviu para quando tive que apresentar o "resultado oficial" mas ele ainda não tinha chegado em casa pelos correios.

Pegue tudo e cópia de tudo.

Esqueci algo? Me avisem!

INSCRIÇÃO NAS FACULDADES LÁ DE FORA

Nessa parte, posso falar sobre o Canadá - CBIE: Depois de você ser aceito pela sua faculdade e pelo CNPq, a parte da pancadaria campal começa. Meio que cada um por si, tá na hora de escolher as três prioridades.

Mas tio Léo, eu não sei qual faculdade vou! Meu TOEFL é X e o curso é Y... para onde eu vou? MIMIMIMI! - PRIMEIRO: Se você fizer essa pergunta no "webinar", você merecia ter nascido morto. Sério. Aprenda a se virar, mais uma lição. Explore os sites. Como sou bonzinho, aqui está a solução: Procurem, se existir, as listas de universidades de cada edital! O do canadá CBIE é esse aqui http://www.aucc.ca/canadian-universities/our-universities/. Chequem no google os requisitos de língua de cada universidade, para você não dar um tiro no pé! Só mandar um "[nome da universidade] + toefl requirements" que deve ser a primeira coisa a aparecer. Google é o seu melhor amigo! Ele responde QUALQUER COISA! Duvida? Digita "the answer to life the universe and everything" e veja o 42 surgindo.

Mas tio Léo, eu sou FUCKIN' AWESOME e quero fazer assim: McGill, University of Toronto e University of British Columbia, porque o meu toefl é 111! - Jovem Padawan, você é INSANO!  Primeiro que essas três normalmente demoram para responder (no meu edital a UBC respondeu só no finaaaaaaaal de tudo e quebrou a perna lindamente de quem ela recusou), então você só poderá ser realmente aproveitado como "provável aluno" em uma delas. A McGill (aka "esnobes do Canadá" ou "Harvard do Canadá") até que me respondeu rápido, mas só avaliou quem a colocou como PRIMEIRA opção. Esnobes ou "dando valor para quem me deu valor" ?

Meu alerta é o seguinte: Procura escolher na ordem - a fodona primeiro, uma mediana na segunda e terceira. As "coração de mãe" ("sempre cabe mais um!") são o último recurso, de qualquer modo! Tu pode correr riscos, afinal, quem quer ganhar muito precisa apostar alto. Bem-vindo ao incrível mundo adulto de apostas sem retorno garantido. Acostume-se. Lembre-se, porém: Dane-se a minha opinião. Faça o que você quer fazer. Eu mesmo coloquei "McGill, Toronto e UBC". Corajoso ou Louco? Tanto faz. Consegui e agora tenho história para contar! Haters gonna hate.

No meu caso, falaram que a McGill não tinha espaço, que Engenharia era muuuuuuuito difícil. Eu simplesmente falei "Okay, mesmo assim, é o que eu quero!" e realmente "caí dentro" no desafio, apostando as minhas fichas nela. All in. Consegui. Bom para mim. Veja o que é MELHOR para VOCÊ! Não adianta apostar alto e não aguentar a pressão por estresse. Preferencialmente, tente conseguir achar um saco de pancada para bater durante todo o processo, para aliviar o estresse.

...E AGORA?


Espera. E, se você tiver o que fazer, ocupe-se em outras atividades. Arranja o que fazer. Sério. Ou você ficará maluco com o tempo livre. E provavelmente escreverá um manual para ajudar intercambistas, hehe.

Então, seu maluco que já leu isso tudo: ARRUMA O QUE FAZER. Provavelmente você estará estudando na faculdade, então, aproveite o embalo e a motivação. Evite largar o semestre por bobeira, mesmo que seja difícil.

Aliás, comece a ler TUDO sobre o visto. A partir daqui, é bizarro ajudar. Se você for para Québec, por exemplo, precisará fazer o "Visto Canadense" (tanto o Study Permit quanto o Work Permit - mas você só dá entrada no processo do Study Permit e fala que você é estudante do CsF que eles providenciam o Work Permit) e o infame CAQ (Certificat d'Acceptation du Quebec). Junte os documentos, marque o médico o mais cedo possível, faça o exame mais cedo possível, faça tudo o mais cedo possível! Cada dia perdido é precioso, logo, não perca dias!

DICAS SEMI-ALEATÓRIAS

1) Procurem os grupos dos seus editais no facebook! Pode parecer até uma bobagem, mas fiquem de olho nesses grupos. Conheçam já o pessoal que vai participar do mesmo edital que vocês. Vejam quem vai pra mesma universidade. Procurem isso. É bom para relaxar, rir da desgraça alheia e ter qualquer dúvida solucionada quando existir algum problema. Eu, por exemplo, tenho aqui uns 3 grupos do "Canadá CBIE", um grupo de "brasileiros no Québec", outro de "Estudantes internacionais de Montréal" e um do "pessoal do CsF em Montréal". Acostumem-se a checar os principais para buscar informações...

2) NÃO ENTRE EM PÂNICO.

3) Como eu gero um pdf a partir de um site da internet ou de qualquer outra coisa? Simples. Google, procure por "pdf creator". Instale. Quando você for imprimir e aparecer aquela janela que apareceria normalmente, escolha "pdf creator" como destino ao invés da sua impressora. Existem outros "no mercado" que também geram pdf. Existe também o bullzip creator, por exemplo.

4) Mimimi, você esqueceu de falar sobre a coisa X. Que bom! Comente e me fale o que é, que eu editarei isso aqui.

5) Você pode ajudar nisso aqui! Comente, critique, reclame! Vamos fazer esse petit capítulo de manual ficar algo decente para quem precisar ler.

Abraço! :)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Transmissor FM

Você já "criou" alguma coisa? Quero dizer "criar" no sentido de fazer algum sistema funcionar... Eu acho que hoje, tirando as experiências chatinhas de laboratório sem uma utilidade viável, foi o dia que eu criei a minha primeira "coisa funcional". Um transmissor FM.

Então, como a maioria que lê isso aqui não faz Engenharia Eletrônica, vou explicar de um modo simples o que é um transmissor FM: A estação no seu rádio representa nada mais do que uma "frequência" de um sinal. Esse sinal, porém, não pode ser ouvido por você nessa frequência (acho que nós ouvimos entre 20 e uns 20.000 Hz (20 Khz), logo, um sinal em 90.000.000 Hz (vulgo 90 Mhz) não é audível por nós), então ele deve ser "deslocado" para as frequências audíveis para ser ouvido por nós no rádio. A grande sacada então é separar "bandas" (faixas de frequência) das rádios, podendo transmitir várias mensagens (músicas, notícias, voz) em frequências diferentes ao mesmo tempo. O transmissor FM, então, é um circuito que pega um sinal (uma música, por exemplo) e joga numa dessas frequências da rádio, para que possamos ouvir depois.

Resumo do resumo: o Transmissor FM serve para transmitir um sinal numa frequência de rádio.

Fazer o projeto do circuito é até uma tarefa simples: Internet taí para isso e existem diversas configurações. Vou listar a parte do meu trabalho nessa história toda:

- Projeto do Circuito : Procurar algo que funcione na internet. Checar os fóruns e tal, analisando se a configuração é viável e não trabalhosa. Perguntar para professores ajuda.

- Gerar o Layout: Ter o circuito não é suficiente. Você precisa saber como vai desenhá-lo na placa e o quão grande a placa precisa ser. É uma arte fina, usando caneta bic. Você pode fazer o layout em programas também, mas depois precisa imprimir, tem umas frescuras, usa ferro de passar e a chance de dar erro existe, se você não souber direitinho o que fazer! Como a placa era pequena, desenhei mesmo!

- Corrosão da Placa: Parte química da parada! Pega um pote d'água, joga um ácido e deixa diluir. Você coloca a placa de cobre ali e... MAGICAMENTE a parte que não tem tinta corrói mais rápido do que a parte só com cobre e no fim você tem as "trilhas", ligando as partes do circuito e realmente formando-o ali em cima da placa. Afinal, a placa imensa de cobre estava toda ligada e agora você criou "ilhas" que serão ligadas pelos componentes que você soldará por cima de tudo.

- Soldar Tudo: Depois de furar a placa (usando um furador, dã!) para colocar os componentes, está na hora de soldá-los na placa. Como eu já tenho certa experiência, foi rapidinho (também não tem muito onde errar!).

- Testagem: Depois de tudo montado, tá na hora de ajustar os detalhes finais e testar a placa na prática. Normlmente o transmissor FM é montado usando um microfone e tal, mas eu decidi usar a entrada de um mp3. Saquei o meu, conectei no circuito, liguei tudo e agora eu tinha que analisar em que frequência ele transmitia o sinal. Isso é simples, usando uma técnica marota com o osciloscópio. Então, depois de ligar tudo e sintonizar o meu celular na rádio certa, eu ouvia... nada. Não estava funcionando. Maldição!

Usando minha habilidade intuitiva para consertar circuitos (vulgo: Não sei o que fazer, hora de dar chutes aleatórios), eu refiz o último passo (soldar tudo) e testei de novo (nesse tempo fomos de sexta-feira para segunda-feira, hoje). FUNCIONOU! O MALDITO FUNCIONOU! Eu tive vontade de gritar "BOAHAHAHA! ESTÁ VIVOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!", mas tinham outras pessoas na sala de aula e seria levemente estranho. Não posso negar que eu fiquei extremamente feliz.


Aí em cima está o resultado final da plaquinha. É meio feiosa, mas funciona que é uma beleza. O mais legal é ver que o seu circuito, se cair na frequência de uma rádio "de verdade", anula o sinal dessa segunda. É tipo uma rádio pirata. Isso me dá algumas ideias...

É muito bom a sensação de ver um trabalho feito por você funcionar!

Como não posso esquecer: Agradecimentos especiais à Stephanie pelas 1001 gambiarras do circuito e ao Thiago por ceder uma placa de cobre! =)

Abraços!

domingo, 16 de dezembro de 2012

The Color Run!


Qual a graça de correr uma corrida de 5 km levando tinta no corpo a cada alguns quilômetros? Eu respondo: Vá correr a The Color Run e depois me responda!

Quando a próxima corrida no Rio de Janeiro deve ser só em 2013, então eu dou uma palhinha da minha experiência de hoje! Corri ao lado de outro amigo meu. Como ele não havia treinado nada para os 5 km e a intenção não é correr que nem um louco para chegar rápido lá na frente, decidimos correr no mesmo ritmo. Eu vinha de uma gripe na semana, estava ainda meio mal, mas consegui aguentar o ritmo sem problema algum. Uma coisa que eu me toquei é que eu estava bem melhor do que eu imaginava estar. Consegui correr os 5 km falando com o meu amigo o tempo todo, sem calar a boca um instante e fazendo piada. Foi engraçado.

Então, sobre a Color Run: Existem 4 "postos" de cores, onde os voluntários ficam jogando a "tinta" - na verdade mais um pó - que fixa no seu corpo. Amarelo, Laranja, Azul e Rosa foram a ordem das cores na minha corrida. O grande barato é a festa que fica perto das cores. A nuvem de fumaça daquela cor sobe e você passa do lado dos voluntários, recebendo a tinta no corpo. Subiram até em passarelas para jogar essa tinta no grupo, enquanto continuava a corrida. No começo você está com uma única cor mas, depois, vai misturando tudo. O grande objetivo é NÃO terminar branco! Se tiver alguma parte em branco em você, YOU LOSE!

Os 5 km são tranquilos. É aquela festa, tu vai no seu ritmo, se divertindo e se sujando de cor. Nas estações de cor você provavelmente enxergará nada, então feche bem a boca pra não engolir tinta e, quando você entrar numa nuvem de tinta, tenta segurar um pouco a respiração. De resto, aproveita, grita e seja sujo de tinta! Veja as cores se misturarem e se divirta!

No fim, você recebe um pacote com alguma cor, para você gastar em você e nos seus amigos e, além disso, tem uma festa, um palcozinho montado e música tocando. Então, dá para se divertir um pouco mais e, se você tiver sorte, ganhar uma camisa de brinde que é arremessada para galera.



Recomendo e é um fato que eu correrei em Montreal. Será em Agosto, na pista de F1! =D

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O que torna você diferente?

O que você pensa dessa pergunta? Fácil ou difícil de ser respondida? Talvez seja fácil, assim, solta no ar. Vamos focá-la então, um pouco mais.

No seu "universo", o que torna você especial? Melhor, você, que deve estudar alguma-coisa na sua vida: Na sua turma, o que torna você de diferente?

Não, eu não quero saber se você é o cara simpático com "habilidades sociais altamente desenvolvidas". Eu quero saber das coisas que você tem, não de quem você pode manipular, usar, influenciar ou pedir ajuda. O que você sabe fazer, sem precisar de terceiros? Se você tivesse que se virar sozinho, você sobreviveria?

Eu me perguntei isso por volta desses dias, enquanto conversava com meus colegas da faculdade e "brincávamos" que um deles fazia coisas-extras na matemática. "Ora, ele vai sair daqui sabendo isso daí, além da saber a mesma porcaria de engenharia que nós.", eu comentei. Conclusão: Além de se formar em engenharia, ele teria essa "área de conhecimento" extra. Se vai prestar ou não pra vida, pro universo e tudo mais, a história é outra!

Então, pergunto mais uma vez: Você é capaz de se virar sozinho? Ou você depende de terceiros para viver? Além disso, no seu emprego, o que você sabe de especial? Qual é o seu diferencial? Palavra bonita essa! Diferencial. No mundo em que somos todos massificados, quase obrigados a gostar das mesmas porcarias coisas o que nos pedem é uma identidade! Ora, mas eu gosto tanto da minha novela e do meu Big Brother! Por que eu vou querer uma identidade? Esse meu tênis da Nike não é legal o suficiente? Que horas é jogo do Mengão!?

Eu, particularmente, gosto de ver o que as pessoas tem de diferente. E você não descobre o quão diferente alguém é sem conhecê-lo bem. "Orra, mas todo ser humano é especial, diferente e blablabla!" ... Ahã. E eu sou o Papa. Tudo bem, tudo bem, cada um carrega a sua história, tem as sua peculiaridades, mas algumas são chatas demais para serem dignas de atenção. Ou, pelo menos, se prendem no seu cobertorzinho de conformismo, chatice e se tornam genéricas, mesmo depois de serem 'conhecidas'. E aí tu percebe que aquele pessoa "especial" é repetitiva, não se inova e não muda. Finge estar numa eterna mudança, mas, no fim, gira em círculos.

"Generalizar", aliás, é a pior besteira que alguém pode fazer antes (principalmente antes, mas não apenas antes) de conhecer uma pessoa. Eu vejo umas situações e me pergunto: Por que eu vou querer julgar uma pessoa pelo curso (por exemplo) que ela faz?

Só por que faz Engenharia ela precisa ser mega estudiosa? Claro que não, conheço um monte de colega de engenharia que não é só mais imbecil por falta de espaço (ou talvez oportunidade). Sim sim, a tendência pode ser se uma pessoa centrada, reservada, quieta. TENDÊNCIA! Vai julgar um todo pela tendência? Ah se eu fizesse esse tipo de coisa....

Ou melhor: Só por que uma pessoa conseguiu o intercâmbio pra McGill ela precisa ser esnobe e arrogante? Posso providenciar isso! É mais simples e mais fácil do que parece. Ou eu posso não me preocupar com isso: Por sorte minhas escolhas definem parte de quem eu sou, ao invés de quem eu sou.

Lição do post: Rótulos foram criados para categorizar, catalogar e massificar coisas. Você é uma coisa? Se for, escolha um rótulo, siga e boa sorte. Caso contrário, quebre suas limitações e não se importe com que os outros esperam de você. Porque, incrivelmente, as pessoas nunca esperam algo bom de você. Por que se preocupar com isso, então?

Abraço!

Pesadelo (?)

Ele já estava acostumado com aquele 'trabalho'. Tão acostumado que aquilo era a sua rotina e, por mais incrível que parecesse, também era o seu esporte, sua fonte de diversão. Ele não escondia o sorriso em seu rosto, a não. O sorriso era aberto, ingênuo, escancarado, revelando os seus dentes brancos e toda uma fúria jovial. Júbilo. Frenesi. Naquela dança, ele era o especialista. Ele dançava e o inimigo morria. Seus olhos - dourados - analisaram aquela figura disforme e sombria que avançava em sua direção. Não importava. Era lenta, era frágil. Era uma simples criatura para ser destruída pela lâmina da sua espada. Talvez ela nem merecesse morrer por uma lâmina tão bela.

Um metro e vinte daquele material desconhecido que agora se preenchia com runas douradas, dando um tom único à sua arma. A lâmina não parecia apenas ser extremamente afiada, ela o era. Além disso, um olhar mais observador perceberia que a mesma não continha marcas, como se fosse uma espada virgem. Qualquer um, porém, vendo aquele jovem lutando perceberia que a espada sim havia sido utilizada muitas vezes... pelo menos por ele.  A grossura da arma também impressionava, com a sua "parte mortal" possuindo aproximadamente vinte e cinco centímetros de largura. O punho da arma permitia que aquele guerreiro a segurasse com uma ou duas mãos mas, agora, apenas a mão esquerda do mesmo enrolava-se no mesmo. Era dourado e ao longo do mesmo podia-se ver rubis incrustados, dando um caráter magnífico à arma. Na extremidade do cabo oposta à lâmina surgia a cabeça de um leão dourado, rugindo para espantar os seus inimigos. Os olhos do mesmo eram rubis, dando um ar um tanto quanto intimidador à arma. Por último, a guarda da arma - a parte entre a lâmina e o cabo - projetava-se em raios paralelos, desenhando ao mesmo tempo uma lua e um sol dourados. Esmeraldas, rubis, safiras, ágatas e diamantes se projetavam ao longo do desenho, avançando no começo da lâmina - que se alargava perto do cabo.

O corte deixou um rastro luminoso pelo ar, fatiando a criatura como se ela fosse um mero pedaço de papel. Nem uma gota de suor escorreu do guerreiro, enquanto seus olhos dourados vasculhavam o ambiente. Uma, duas, três... as criaturas surgiam ao seu redor, naquele ambiente totalmente branco e gelado. Ele sentia a neve nos seus pés e o frio tentando invadir o seu corpo... mas a chama da batalha invadia o seu coração e o seu corpo com mais força, mantendo-o aquecido. Deu um passo à frente, na direção do primeiro inimigo, sentindo seu pé afundar na neve. O ambiente era silencioso e agora o cavaleiro marchava na direção dos seus inimigos. Cada passo deixava uma pegada na terra e fazia o som do aço ressoar pelo ambiente. O som metálico, quando as juntas da sua armadura chocavam-se uma com as outras.

Seu corpo inclinou-se para frente, enquanto a ponta da espada se projetava para trás do seu corpo, sendo erguida com uma única mão. Os passos se aceleram na neve, quando ele começou a correr, deixando a sua capa levantar pelo ar. O inimigo parecia paralisado de medo, enquanto ele avançava como um guerreiro. Mantinha o sorriso em seu rosto, sentindo o sabor da batalha, da adrenalina e o cheiro do medo e da morte. O golpe descreveu um arco no ar, antes de chocar-se contra a cabeça da criatura, fazendo-a se dissipar em uma nuvem de fumaça. As outras avançaram em sua direção, prontas para pegá-lo desprevenido.

- Patético! - Ele gritou, enquanto a lâmina da sua arma mais uma vez dançava pelo ar, com grande habilidade, destruindo aquelas criaturas. Mas então ele sentiu algo agarrando a sua perna. Um braço, apertando-o com força. No momento em que se livrou do mesmo com um corte, uma das criaturas caiu por sobre o seu corpo, forçando-o a ficar de joelhos. Seus olhos se levantaram e o branco havia virado negro. Estava cercado. Não eram mais apenas unidades, eram milhares daquelas criaturas. Um muro negro.

Medo. Sentiu aquele sentimento surgir em seu coração e se espalhar. Dúvida. Aflição. Cortava e cortava os inimigos, mas, cada vez, eles estavam mais próximos e o seu corpo mais cansado. O que estava acontecendo? Por que estava tão fraco, tão frágil? Concentrou-se e sua espada brilhou, mas a escuridão absorveu o brilho da sua arma. Quando percebeu, o mundo era negro, não mais branco. Seu corpo até brilhava com a sua magia, mas estava engolido pelas trevas. Estava sozinho e não podia ver o inimigo - mesmo com os seus olhos dourados. Sentiu algo agarrar sua perna, algo agarrar o seu braço. Tentou se livrar, mas no meio da escuridão sentiu o desespero. Uma mão agarrou o seu pescoço, começando a sufocá-lo.

Lutou, cortou, mas nada impedia a escuridão de engoli-lo. No momento em que sentiu a espada deixar a sua mão, seu mundo pareceu perdido. Debateu-se. Chutou, socou, mas o peso se mantinha em seu corpo. Foi jogado na direção do chão e se sentiu caindo, caindo, devorado pelas sombras e pelas trevas...

- AAAHHHHH! - Gritou com plenos pulmões e quando viu estava naquele cama de palha e desconfortável. Sentia o seu corpo pesado e o suor escorria pelo lado do seu rosto. Sua respiração estava forte e o seu coração acelerado. Colocou-se de pé rapidamente, mas sentiu-se tonto e apoiou-se na parede.

- Um sonho? - Perguntou a si mesmo, conhecendo a resposta. Mas seria realmente apenas um sonho, um pesadelo? Levou a mão até os seus curtos cabelos negros, parando para respirar. Aquilo tinha algum significado especial? Tinha que continuar vagando, aquilo podia ser um sinal. Ou teria sido apenas uma péssima noite de sono, devido àquela cama naquele local ruim? Qual era o nome mesmo? "Tubarão Perneta", ele pensou. Que péssimo nome para uma estalagem naquela cidade...

Sobre o que eu odeio

Eu pensei, com toda a sinceridade permitida a minha pessoa, em escrever um post sobre as coisas que eu odeio. Refletindo sobre isso, concluí que eu consigo resumir tudo o que eu odeio em uma única palavra "mediocridade", talvez porque eu consiga inserir tudo o que eu odeio nessa maravilhosa palavra.

Segundo de um dicionário da internet:

Significado de Mediocridade
s.f. Estado ou qualidade daquilo que é medíocre: mediocridade de uma obra.
Situação modesta: vive na mediocridade.
Pequenez espiritual: homem de grande mediocridade.

Significado de Medíocre
adj. Que está entre o grande e o pequeno, o bom e o mau: obra medíocre.
Falta de criatividade ou originalidade, característica do que é comum, mediano.
s.m. Algo ou alguém que não tem grande valor intelectual ou capacidade para realizar algo, sem talento e que está abaixo da média: os medíocres nunca alcançarão o sucesso.
(Etm. do latim: mediocris)

Aí está. Odeio essa porcaria. Odeio tanto que mal consigo começar a "não xingar" enquanto digito no meu tecladinho. Eu poderia ficar aqui, digitando freneticamente, lembrando de situações e pessoas, disparando indiretas, soltando mais torpedo do que toda a marinha americana (ou uma adolescente que fica o dia inteiro no celular) porém me pergunto qual é a utilidade desse post. E a resposta é simples: nenhuma. Aliás, algum post aqui tem utilidade? Eu garanto que pode até ter... só DEPOIS deles serem escritos e em algum momento específico.

Por mais que eu queira escrever, algo na minha mente - consciência? bom senso? não importa. - diz um "vai perder o seu tempo escrevendo sobre algo que você não gosta?" enquanto outra fala "pode até ser divertido, ora!". Então, nesse duelo sem vencedor, os dedos continuam a correr sobre as teclas, gerando palavras e frases. Seria isso ser "mediano" ? Não tomar nenhuma decisão e ficar "em cima do muro"? "Oh, que ironia!" penso eu agora. 

Então, obrigado a tomar uma decisão, aqui eu escolho o meu caminho, após um parágrafo de reflexão: Não escreverei um post sobre o quê eu considero "medíocre", pretendo fazer um post justamente sobre o contrário, sobre o que eu acho "anti-medíocre", digamos assim. Por que eu perderia meu tempo falando de alguma coisa que eu não gosto, se for apenas para massagear o meu ego? Mais prático escrever uma história zoando pessoas.

Abraço e até mais!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

1 mês de blog!

Hoje o blog completa 1 mês de vida!

Permitam-me discorrer sobre esse assunto, repetindo o que provavelmente já foi dito, mas agora sob uma ótica diferente:

No começo, eu não tinha a mínima ideia de quantas pessoas entrariam no blog para acompanhar o que quer que eu escrevesse. Eu também não tinha a mínima noção do que colocar aqui, antes de viajar pro Canadá. A surpresa? Entrou mais gente do que eu esperava (resultado de um forte esquema de propaganda, hehe) e o número de 'tópicos' para tratar no blog foi crescendo absurdamente dentro da minha cabeça (explicarei adiante). Então, primeiro objetivo completo: Joguei as sementes para fazer com que o Blog começasse a crescer e criasse as suas raízes no mundo da internet. Hora de regá-las.

Segunda coisa: Descobri que escrever é um bom passatempo. Claro que eu ainda não sou um especialista na escrita, então estou muito preso pela "inspiração" - ou momento, ou criatividade... chame como quiser - e os posts 'filosóficos' precisam desse momento para existir. Então, de algum modo começo a ser afetado pelo "bloqueio" de ter horas que eu quero escrever alguma coisa e nada sai. Acho que isso até rende assunto para um post. Falar sobre o "nada".

Terceiro: Mesmo ficando surpreso com quantas pessoas (supostamente) entraram no blog, meu principal objetivo escrevendo aqui é divertir a mim mesmo. Escrevo para ver no futuro o quanto eu terei mudado e quantas coisas bobas eu terei colocado aqui, guiado pela criatividade e pelo momento. É claro que o blog está sempre aberto ao diálogo, afinal, um dos conceitos é ser alguma coisa parecida com uma "mesa de bar". São poucas as pessoas que vem cometar comigo qualquer parte do blog então para mim elas são as opiniões que serão ouvidas. Se tem um dos motivos que eu criei o blog foi para tentar ver se meus amigos e conhecidos tinham opiniões diferentes da minha e aprender com o ponto de vista deles. Touché.

Por último, mas não menos importante, escrever ajuda a organizar a mente. Eu até descubro coisas sobre mim mesmo, no fim. Como me falaram um dia desses... "Escrever é enfiar um dedo na garganta.", segundo Caio Fernando de Abreu. De vez em quando, sai uma flor. De vez em quando...

Planos futuros:
- Continuar escrevendo sobre os "Assuntos Aleatórios" que surgir.
- Fazer vídeos para falar sobre a McGill, a Neve e o Canadá. Enfim, sobre tudo que der pra fazer!
~~~~ Uma das coisas é gravar o caminho de casa até a faculdade. 10 minutos na neve!
- Continuar com as 'narrações'. Será que eu consigo fazer com que os personagens em minha mente criem alguma personalidade e sejam legais com as suas próprias histórias e background? Veremos.
- Fazer um conto natalino. Sério. Terá que sair mega-engraçado, no mínimo e lotado de referências.

Curiosidades:
- O maior pico foram 282 visualizações de página em 19/11/2012.
- O post mais visto é o Veni Vidi Vici. É o post que eu acho mais divertido até o momento.
- Existem no total 17 posts publicados até o momento (18, considerando esse) e outros 5 no rascunho.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Tempestade de Estrelas

O cheiro de enxofre invadia aquela sala, mas ele já estava acostumado. Suas mãos se abriam por sobre a mesa, enquanto as figuras mágicas dançavam pela superfície de madeira, em um misto entre prata e azul, ressoando com a sua energia mágica. Seus olhos violetas expressavam a mais pura calma e concentração, enquanto um filete de suor escorria pelo lado direito do seu corpo. Estava acostumados com aquele brilho e, por mais que a sua magia intensificasse a sua luz, sua concentração se mantinha impecável.

A sala era um local um tanto quanto limpo e grande, imersa no negro. A mesa encontrava-se no centro, com alguns pergaminhos por cima dela, mas tudo ali estava impecavelmente organizado, fazendo parte do ritual. Encravada na mesma encontrava-se um círculo mágico que, agora, se enchia naquele tom misterioso. Nas duas extremidades da mesa encontravam-se pequenos recipientes - um deles com um líquido vermelho, outro com um líquido verde - e ambos produziam uma fraca cor para iluminar aquele ambiente de um modo um tanto quanto estranho. A escuridão ocultava o resto do aposento, mas olhos atentos revelariam um círculo mágico desenhado onde o Mago se encontrava, cobrindo um raio completo de cinco metros e sumindo na própria escuridão.

Elenion Alagos estava quase colado com aquela mesa, trajando um longo robe negro, emoldurado por detalhes em azul claro. Em sua cintura, um cinto dourado prendia as vestimentas rente ao seu corpo. Naquela escuridão, ele parecia muito mais velho do que era. Parecia ser um alto bruxo, com imenso poder. Sem dúvida, em sua mente, ele tinha esse imenso poder e, em termos de talento, ele deveria ser algum tipo de prodígio. Os olhos violetas mantinham-se fixos em sua magia, dançando hipnoticamente com as imagens que ali se formavam. Seus longos cabelos negros caíam sobre os ombros, constatando com a sua pele extremamente branca. Elenion não devia ter mais do que seus 16 anos... mas a sua experiência com a magia era invejável. Se era no sangue que estava a magia, então Elenion era um abençoado.

O vento soprava forte lá fora, mas, com as janelas fechadas, tudo o que ele podia ouvir era o uivo do invisível. O ritual prosseguiu. O líquido nos dois potes começaram um movimento aleatório, tendo o seu brilho aumentado gradativamente. A cor começava a varrer o ambiente, mas parecia presa em uma esfera de três metros ao redor do Bruxo, já que a sala ainda estava oculta. Calmamente, ele começou a pronunciar palavras em uma língua estranha, enquanto o vento parecia uivar mais e mais alto do lado de fora. O som de um raio cortou o ambiente, enquanto a chuva começou a cair forte e apressadamente. Uma tempestade.

O brilho diminuiu, enquanto os círculos mágicos voltaram à sua expressão sem cor. O ambiente tomou-se de negro, sendo agora apenas iluminado pela luz dos raios que caíam do lado de fora. - HAHAHAHA! - Sua voz gargalhou, cortando o ambiente, ao mesmo tempo em que um novo raio caía, espalhando o som do trovão pelo universo. - Magnífico! Sim, sim, magnífico! HAHAHAHA! Ninguém pode parar o grande Elenion Alagos, o Mago do Universo, o Transmutador de Mundos! Hahahaha! Ajoelhem-se, peões, pois agora vocês hão de ser submetidos ao meu poder... Ajoelhem-se ou pereçam no reino do esquecimento... vermes! - E continuou ali rindo, enquanto o caos em sua mente se fazia presente.




sábado, 8 de dezembro de 2012

Tubarão Perneta

"Amei uma donzela doce como o verão!
Seus cabelos tinham cor de mel...
Me afundei em sua paixão...
E os seus beijos me levaram ao céu!"

As notas soavam de um modo doce naquele ambiente, enquanto a voz daquele cantor acompanhava cada uma delas de um modo melódico e calmo. A música era um tanto quanto lenta e ele a pronunciava com emoção, de olhos fechados. Seus cabelos vermelhos caíam sobre os seus ombros, enquanto com as mãos ele habilmente segurava o seu alaúde. Os seus dedos dançavam pelas cordas, produzindo os acordes necessários para acompanhar aquela canção.

A imagem que se produzia ali era um campo verdejante, enquanto uma donzela flutuava a sua volta, com suas roupas de seda róseas, uma coroa de rosas na cabeça, com uma felicidade e uma elegância sublimes. Ela o envolvia, enquanto o bardo permanecia absorto em sua música.

"E na sua dança eu me envolvi
Cantei, girei, até que eu caí...
Doce, doce veneno!
Longo beijo e agora nem um único aceno!"

A música se tornou mais lenta, enquanto a voz do Bardo agora se espalhava pelo ambiente com uma força maior. Ele girava enquanto tocava o seu alaúde, revelando as suas botas negras, sua calça marrom e a camisa branca de manga comprida que usava, ao mesmo tempo em que um turbilhão vermelho e dourado se formava ao seu redor, culpa daquele "quase sobretudo" que usava. Seus cabelos também acompanhavam o movimento do seu corpo, em parte ocultos pelo grande chapéu dourado e vermelho que repousava em sua cabeça. Seus olhos esmeralda concentravam-se em ponto nenhum, dando um ar misterioso ao artista - amplificado pela máscara que tapava a parte superior do seu rosto, deixando tudo acima do nariz oculto, exceto os seus olhos.

A donzela havia se aproximado, dado um leve beijo em sua testa antes de sair flutuando, distanciando-se. O mundo havia se tornado preto e branco, tocado pelo cinza e pela prata. A grama havia se destruído, se queimado. A coroa de flores caiu no chão, espalhando-se com o vento. A donzela agora revelava um rosto medonho, pálido e fantasmagórico, acompanhado por olhos vermelhos. Logo ela se reaproximou do bardo, como se o atormentasse. O envolvia, girava em velocidade em torno do mesmo, com extrema destreza. Ele permaneceu ali, cantando, ignorando aquela presença ao seu redor, ou pelo menos tentando manter-se inabalável.

"Um fim tem tudo o que começa!
Nunca permita que o medo te impeça!
Aproveite o calor enquanto a chama queimar...
Pois um dia ela irá se apagar!


Como se comandada pelas palavras do Bardo, uma pequena chama se formou em seu bandolim, antes de aumentar, aumentar e aumentar, envolvendo todo o seu corpo e expandindo-se pelo ambiente. Os mais próximos podiam sentir o calor aumentar, mas logo a chama atacou a Donzela que girou em um arco de fogo, sendo rapidamente consumida. A música lentamente cessou, com as imagens sumindo e o Bardo terminando a sua apresentação. O silêncio tomou conta do lugar por alguns segundos.

- Sou Kairos Argyros, senhores. Kairos das Mil e Uma Canções, se vocês preferirem, ou o Arauto das Palavras... Depositem o dinheiro no chapéu. - Sua voz soava com calma, enquanto seus olhos fitavam a platéia. Tirou o chapéu da cabeça e estendeu ao público. Apenas naquele momento ele viu para que tipo de pessoa tocava. Afinal, ele estava na conhecida taverna "Tubarão Perneta" e tudo o que ele via eram marujos, mal encarados que fitavam-no com suas canecas de cerveja na mão. Eles haviam ficado quietos até agora pela presença da magia e por alguma surpresa, mas agora...

- VIADO! - Gritou a primeira voz. - SUA PUTA! - Gritou a segunda, fazendo coro. E então a confusão começou. Kairos Argyros não entendia porque marujos não gostavam de canções de amor, mas sabia também que o nível de álcool no sangue deles deveria estar excessivo. Um marujo tentou atirar-lhe uma caneca cheia de cerveja mas, com elegância, o Bardo girou o seu corpo, transferindo o seu peso habilmente pelos calcanhares e movimentado-se com leveza, segurando o objeto pela lateral e arremessando-o de volta. O coro aumentava, enquanto a caneca girava no ar, sendo refletida de volta à sua origem. Não se pode ouvir o choque dela na testa daquele homem no meio daquela taverna - o barulho era excessivo com o coro que atingia a sexualidade do bardo, falando que ele deveria tecer um cachecol para o seu esposo - mas o ferimento que se abriu da testa dele, misturando o jorro de sangue com vidro e cerveja, poderia ser visto por qualquer um que olhasse na direção do impacto.

- CHUPA, SEU BABACA! Um Bardo nunca erra o alvo! - Berrou, desnecessariamente provocando os marujos, enquanto fazia uma estranha dancinha, balançando os braços de um lado pro outro com nenhum estilo. Outras coisas foram arremessadas em sua direção. Um outra caneca, apenas esquivada dessa vez, seguida de uma cadeira, que ele saltou habilmente abaixou-se para evitar e, por último, mas não menos importante, um anão. Quando ele viu o anão, ele começou a gargalhar, mas saltou, fazendo com que a criatura passasse também por debaixo do seu corpo. - Vocês precisam fazer melhor do que isso... - Comentou, antes de perceber uma mesa voando na sua direção. Uma maldita mesa. Que tipo de gente jogava mesa nos outros? Bêbados de bar, é claro.

Gritou algum palavrão, antes de pousar no chão e sentir a mesa batendo no seu corpo. Resistiu bravamente ao impacto, mas sentiu a dor espalhar pelo seus braços que ele havia utilizado para bloquear o objeto. Mesmo assim, ele girou, batendo simultaneamente em suas coxas, antes de ser travado. Sentiu o osso quase quebrar e soltou um berro. O bandolim havia parado no chão e ele deu dois passos para trás. Quando a visão se recuperou da dor, viu alguns homens correndo em sua direção. Claro que a pancadaria havia começado no bar, mas o alvo principal era ele. Então... bastante gente corria para bater nele e, depois, roubá-lo.

- A coisa não parece muito boa aqui... Acho que eu terei que usar a minha especialidade: Arte da Fuga. Eu me lembro... - Ele divagava com uma calma sobre-humana, que não fazia sentido nenhum para a situação. O tempo pareceu fluir mais divagar, enquanto ele analisava o ambiente. Bandolim a três passos de distância, inimigos a dez passos. Tempo para ação de aproximadamente três segundos. Rota definida, preparação mental feita e o seu corpo começou a deslizar pelo ar. Com uma cambalhota, pegou o bandolim de volta, já terminando o movimento em um salto e, girando o corpo, acertou o primeiro inimigo com um golpe certeiro no rosto. O segundo passou direto quando tentou socá-lo, como se a imagem do bardo fosse uma mera ilusão, tão rápido que ele se movia. O terceiro levou uma joelhada na barriga, cuspindo cerveja e baba de uma única vez, antes de ser empurrado e cair no chão. O relâmpago vermelho e dourado percorreu o bar, antes de saltar na direção de uma janela, estourando-a com o peso do seu corpo.

Dor, ele sentiu-a se espalhar pelo seu corpo, enquanto o vidro cortava-o, mas a cena havia sido bonita, em sua mente, pelo menos. Sangrando, com alguns pedaços de vidro no corpo, ele agora saía do Tubarão Perneta com algum estilo, assustando as pessoas do lado de fora. Ele estava a quanto tempo do porto mesmo? Não importava muito, porque ele saiu correndo em disparada. Afinal, tinham uns quinze caras querendo bater nele agora. Era bom que ele corresse rápido para longe dali. Sua sorte era que correr era uma das coisas que ele fazia melhor. Ainda mais se fosse de um problema!

Quebra-Cabeça

Eu tenho andado bastante pensativo nesses últimos dias. Aproveito a minha solitude (não confundir com solidão, jamais) - provocada talvez pela não necessidade da rotina de "acordar, faculdade, academia, leitura / estudo / internet, dormir" - para pensar, refletir, ponderar, analisar e quaisquer outros verbos da esfera mental os diferentes aspectos da minha vida. Afinal, os dias estão passando e daqui a pouco é hora de abrir as asas e decolar.

Quando estamos nesse estado é que podemos enxergar nossos acertos e erros, nossas vantagens e desvantagens, nossos pontos fortes e fracos, no eterno jogo de dualidade entre luz e sombras. É o momento de encarar a si mesmo, por mais que você tenha fugido dessa oportunidade durante um bom tempo. Olhar o seu próprio reflexo, olho a olho e encarar o seu maior inimigo e, misteriosamente(?), o seu maior aliado: você mesmo. É o momento de perceber que, como somos meros seres humanos, somos vulneráveis. Mas, igualmente, por sermos meros seres humanos, podemos crescer e sonhar, podemos ter esperança e determinação... e é justamente isso que nos torna forte, que nos permite atravessar qualquer tempestade e sorrir no fim de tudo.

Uma possibilidade de auto-análise não pode ser feita em cinco, dez minutos. É algo que demora. É algo que precisa ser feito e refeito a cada alvorada. Não como o trabalho de Sísifo, de rolar uma pedra inutilmente montanha acima todos os dias, mas sim o trabalho de um construtor que, dia após dia, coloca mais alguns tijolos em sua fortaleza.

Quem disse que a parede não pode ser o chão e o céu a parede?
Tijolos? Fortaleza? Sim, se você precisar de uma.  Ou talvez a sua Torre, o seu Parque, o seu Jardim, o seu Templo. Não importa, pode ser uma mistura de tudo. O que importa é que seja o seu lugar, o seu refúgio, o local onde você deve se sentir confortável. Pois, se você não está confortável consigo mesmo no âmago do seu espírito, da sua mente ou do seu coração (qualquer palavra que você preferir), a sua desordem se refletirá na sua vida. Preste atenção: Não é um local para você se esconder, é um local para você descansar.


Ao mesmo tempo, pergunto-lhes:
Como você quer exigir sinceridade, se você não é sincero consigo mesmo?
Como você quer exigir simpatia, se você não é simpático consigo mesmo?
Como você quer que os outros confiem em você, se você não confia nem em si mesmo?

Aliás, você não tem que exigir nada de ninguém! Quem somos nós para exigir de um terceiro qualquer coisa? Não somos livres para fazer o que quisermos?


Deixe de procurar nos outros o que deveria existir dentro de você. 

Seja justo consigo mesmo, seja sincero consigo mesmo. Afinal, se você abdicar de si mesmo por uma outra pessoa o resultado, além de ser imprevisível, pode ser desastroso para você mesmo. Não estou dizendo que você tem que se tornar o lorde do egocentrismo, mas saiba dar o valor certo a você mesmo e os outros igualmente aprenderão a lhe dar o valor.

A pergunta, no fim, é bem simples: Que construção você quer construir? Que caminho você quer caminhar? Que canção você quer cantar? Que sonho você quer sonhar?

A resposta, infelizmente (ou talvez felizmente, pois é na jornada difícil que estão os melhores prêmios) não é tão simples quanto parece. Dúvidas, medos, insegurança... existem essas pequenas palavras, que parecem tão simples de evitar, mas são extremamente poderosas. Poderosas se você der o espaço para elas crescerem e germinarem. Como um pequeno verme, um sanguessuga, que lentamente se alimenta de você. E sabe o que deve ser feito com vermes e ervas daninhas? Eles devem ser arrancados e jogados fora, não importa o dano que eles causem em você. Porque deixá-los crescer apenas pioraria a situação no futuro.

Claro claro, você pode achar todo esse post uma grande bobeira. Filosofia barata. Para mim, as peças no quebra-cabeça se encaixam e eu começo a conseguir ver a imagem do todo. Ria, se divirta, se o post lhe parecer engraçado. Enquanto isso, eu penso, reflito e construo.

Até mais!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Por que eu gosto de ler? Parte I

Alerta: esse post contém palavrões que podem ter sido ou não censurados.

Posso dizer que eu estava "seco" para escrever um post sobre livros e não tenho ideia porque eu demorei tanto tempo para fazê-lo! Talvez fossem outros assuntos que surgissem no momento, fazendo com que minha "criatividade" ficasse um bloqueio. Mas então a oportunidade vem e agora eu estou motivado para escrever sobre livros que eu li. Tenho em mente um ótimo livro para começar.

WINTER IS COMING

PORCARIA NENHUMA!


Quero falar sobre um livro que pode até ser "alguma coisa parecido" com o famoso "Game of Thrones", mas que tem um "foco" completamente diferente. "As Crônicas de Arthur" (The Warlord Chronicles, em inglês) é uma trilogia que fala sobre o Rei Arthur? Pare clichê? Provavelmente é, mas logo logo mostrarei com o livro quebra esse clichê.

A trilogia é formada por "O Rei do Inverno", "Inimigo de Deus" e, como não podia deixar barato na Lenda de Arthur... "Excalibur".

Então, vamos começar com os motivos de eu gostar desse livro. 

Eu sempre fui um pouco preconceituoso com a Lenda do Rei Arthur. Okay, okay, o cara podia ser legal, tirava a espadinha da pedra, o Merlin soltava uns hadoukens de vez em quando e tudo era belo e tal. Qual a graça disso? Já vi várias histórias como essas. Lancelot, claro, era um cavaleiro muito belo, galanteador e a Morgana uma linda mulher, de longos cabelos negros, fria e calculista, encantando todos com a sua beleza e inteligência...

CHA-TO! Acho que dessa "versão clichê" que eu mais odeio é a Morgana. Put* que me pariu de personagem feminino "frio e calculista", "sem coração" e "manipuladora". "Femme Fatale" me parece ser um arquétipo tão tosco, mas tão tosco, que deveria ser banido. Sabe o que eu acho mais tosco nesse arquétipo? É que a mulher fica O LIVRO INTEIRO torrando a porcaria do saco, lá com a sua "frieza e fodeza inabaláveis" para o quê? Para, no fim, se apaixonar pelo herói, mostrar que é doce, carinhosa, meiga e frágil. MORRA, SUA TOSCA. CONTINUE SENDO FRIA E 'FODA', AO INVÉS DE DESABAR. 

Depois desse desabafo, quero chegar no meu ponto: O livro acaba com esses clichês. Arthur sim, é um líder carismático, um excelente guerreiro, mas acabamos não conhecendo muito da personalidade dele. Toda a história gira em torno de "Derfel", um dos guerreiros de Arthur. O Merlin é descrito como um "mago" maluco, que já levou as "três feridas para alcançar a sabedoria". Ninguém acredita nele, ele não tem mais poderes... ele é praticamente um druida lutando com a sua fé contra inimigos que ele não pode vencer. Lancelot? Lancelot sim é um belo guerreiro, com seus longos cabelos e seu sorriso maroto... e é um tremendo filho da put*. Covarde, manipulador, não perde uma oportunidade para ferrar os outros. Morgana, minha querida Morgana? Metade do corpo queimado, maluca, mas tudo de maluca ela tem de inteligente e de malandra. Afinal, uma f*dida no mundo como ela é precisa saber como sobreviver!

Derfel, porém, é um show a parte. O cara é um bruto. O cara toma porrada a vida inteira, todos os livros e, aquilo vai se acumulando nele. O cara vai lutando as batalhas, mesmo as batalhas que o Arthur não está e ajudando o Merlin a fazer suas "coisas". Ele passa de um "matei um cara" até um "eu vou arrancar os seus olhos, pegá-los e enfiar no seu rabo. Depois vou fazer xixi em cima de você e queimar o seu corpo". Um amor de pessoa. O cara simplesmente vai passando a espada em todos os desgraçados que cuspiram e pisaram nele... e quem lê, claro, se amarra nisso!

Outro fator é o fator que eu chamo de "isso vai dar merd*!". Tudo parece estar bonito, tudo parece estar calmo... então acontece a coisa X, gerando um problema. Então, beleza, o evento Y ocorre e tudo parece que vai ficar na boa, problema anulado... NÃO! O Y é interrompido pelo Z e quando você percebe... ISSO VAI DAR MERD*! SEMPRE quando tudo parece que vai ficar bem, alguma coisa ABSURDA acontece e joga TUDO pro alto. E é sempre de um modo imprevisível, de um lado que você imaginava ser o mais improvável de acontecer um problema. Então você é sugado pelo livro, com o seu ritmo ágil e envolvente e, quando percebe, não consegue mais parar de ler! Bom demais!

Mais um fator: PORRADARIA. Não é aquela coisa de "a batalha aconteceu". É aquela coisa de "PAREDE DE ESCUUUUUUDOS!" e "Sentia o hálito bêbado do meu inimigo se aproximando de mim, quando eu saquei a minha espada e, com um giro, atingi a barriga dele, fazendo com que suas tripas caíssem e sujassem o chão de marrom e vermelho". Não é algo esteticamente bonito, mas é fantástico ver as descrições das batalhas e as confusões absurdas que elas provavelmente seriam e se sentir em uma "parede de escudos". Tem os diálogos legais? Tem! Tem a trama bem bolada? Sim! Mas também tem porradaria alucinante! Sangue e pedaços de corpos para todos os lados! Além disso, a parada é "realista". Os personagens sentem medo, querem fugir... Não são todos loucos querendo se matar. Os detalhes são bem realísticos, mostrando o inferno de estar no meio de uma pancadaria campal, revelando que as coisas "não eram tão nobres assim".

Por isso, eu recomendo essa trilogia para ler, principalmente para quem quer ler e não pensar em duzentas tramas ao mesmo tempo e simplesmente relaxar e se divertir.

Turma de Eletrônica

Engenharia Eletrônica e de Computação. Esse é o meu curso no "Fundão" (vulgo UFRJ). Posso dizer que somos alguma coisa parecida com a Engenharia Elétrica, mas decidimos nos especializar em circuitos eletrônicos... Acho que, no fim, ao invés de trabalhar "na brutalidade" (com kilovolts, bobinas girando e arcos voltaicos no laboratório), decidimos fazer as coisas "com elegância" (sistemas sensíveis, lá na ordem de apenas alguns volts), além de termos alguma coisa voltada para Computação. Eu realmente não sei bem qual é a diferença. Gosto de dizer, porém, que a Eletrônica é um dos cursos mais difíceis (é verdade!). O que o pessoal tem "normal", nós costumamos ter a "versão Hardcore da Eletrônica" (e "Eletrônica" e "Hardcore" é pleonástico!).

Posso falar que, na UFRJ, segundo o próprio coordenador do curso, a Eletrônica é a Engenharia com a maior base matemática e maior número de aulas práticas. Sabe qual o significado disso? Sofrimento e... diversão! Sim, ter uma base matemática forte pode ser muito complicado, se você não gostar tanto assim. Pessoalmente, eu gostaria de entender mais do que eu entendo, mas também tenho um limite de "que porr* é essa?" quando as coisas começam a ficar alucinadas demais. Sobre a parte prática... é trabalhoso no começo, meio e fim. Tudo quebra, tudo queima. Inclusive, você pode ganhar uma marca permanente se algum amiguinho seu decidir encostar um CI (vulgo chipzinho) no seu braço. Fatos verídicos.

Isso não quer dizer que precisamos ver as coisas necessariamente por uma perspectiva ruim: Saber "matemática" pode ser útil para encarar as matérias que vem pela frente (ainda mais quando aparecem uns malucos para aloprar) e ter aula prática é útil justamente para não ficar com a bunda na cadeira o dia todo (mesmo que as coisas queimem, elas até que são legais quando funcionam!).

Entretanto, todo semestre eu me pergunto (ainda mais quando a coisa começa a ficar séria e o tempo curto): O QUE RAIOS EU TÔ FAZENDO AQUI?

Cada dia eu descubro mais a resposta: Até que eu gosto da Eletrônica!

No começo... era bem chato. Cálculo I (com que professor? Odeio aquele cara, nunca deu uma aula de gente e eu, calouro-noob, não troquei de turma e quase repeti por causa disso), Física I (professor se achando o tal), Química (primeira aula que eu dormi na VIDA!), Computação I (mestre dos magos...), Física Experimental I (tranquila, até!) e a infame "Humanidades e Ciências Sociais" (bo-ring!). Mas também tinha a parte legal. Era um mundo novo, pessoas novas para conhecer... pena que não tivemos um "trote" para interagir o pessoal. Bem que os veteranos no começo me pareceram... toscos.

Mas o tempo passa, o tempo voa. E, com aquela turma (ou pelo menos o pessoal que sobrou) passamos todos pelos mesmos problemas e pelos mesmos desafios. Computação II (a nota que vem cedo), Físicas e Cálculos (sempre simples), Circuitos Lógicos (e a sua correção 0 ou 1 sobre 10!), Circuitos Elétricos (não com o professor tranquilo, mas com o carrasco!), para citar algumas coisas. Eu poderia gastar tempo aqui falando o que aconteceu cada uma dessas matérias, mas digamos que todas elas tem histórias bem divertidas para falar, mas excessivamente longas e cheias de piadas internas. Deixe-me resumir: Apesar das dificuldades, cada passo confirmava a determinação de seguir um curso e um caminho. Ou pelo menos as piadas que se formavam - e as personalidades estranhas de cada um dos professores - de algum modo cativaram um carinho pelo curso.

Pode ter sido chato, insuportável, trabalhoso? Sim, provavelmente foi. Mas todo mundo andou e passou. Todo mundo (ou a maioria) conseguiu continuar.

A parte boa disso é que, no fim, você pode acabar falando com a maioria. Os problemas surgem e você percebe que, como tá todo mundo no mesmo barco, a troca de informações acontece em todas as direções. Cada um sabe uma coisinha e, falando, acaba ajudando o outro que não entendia aquela parte. As provas antigas (artefato essencial na faculdade) são distribuídas como água (na teoria). Sem contar a xerox do caderno daquele cara estudioso, essencial para aprender em 3 horas o que tu tinha que ter aprendido em 3 meses! Uma situação complicada une as pessoas.

Não foram poucas as vezes que tava todo mundo ferrado com a matéria, mas fazíamos piadas da nossa própria "desgraça" para aliviar. Parte ruim nisso? Nenhuma! Os trabalhos complicados eram "colados" um dos outros e eu me peguei várias vezes fazendo "pesquisa de opinião" sobre os trabalhos. Eu, pessoalmente, nunca me juntei com o pessoal para estudar alguma coisa - acho que rendo melhor fazendo sozinho - mas sempre os "usei" para tirar minhas dúvidas.


Então, de certo modo, sair para viajar agora e vendo que eles vão continuar (talvez aos trancos e barrancos) o caminho deles enquanto eu vou fazer algo diferente, me fez perceber que eu achava essa turma bastante legal. Não temos (muita) gente chata e insuportável. Logo, posso dizer que gosto dessa turma e sentirei falta de assistir aula com eles (mesmo que eu ficasse dormindo em algumas delas, hehe).

domingo, 2 de dezembro de 2012

Circuito das Estações Adidas - Verão 2012


Hoje, dia 2 de Dezembro, é/foi o dia que eu realizei a minha primeira corrida. Corri o Circuito das Estações Adidas, modalidade Verão, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. O circuito tinha 5km no total. Saí no pelotão branco, o do pessoal amador.

Preparação: No começo, estava seguindo uma série que um instrutor da academia tinha passado. Fazia 5km em uns 32min. Chegou uma hora que eu falei "ahã, tá bom." e passei a ignorar a série e aumentar o ritmo. Consegui reduzir para 31, depois 30, depois 29 e cheguei ao ponto de fazer em 27 min. Então, correndo 27 minutos na esteira e pensando que na pista de verdade, com sol e blablabla poderia ser mais difícil, eu esperava fazer uns 29 minutos. Mas a realidade é diferente da teoria...

Na hora: A largada é muito maneira! Fiquei bem na "ponta" da largada e tinha um mundo de gente envolta. A atmosfera é muito boa e ficou ainda mais divertido quando tocou "Gangman Style". Depois de um tempinho de espera e algumas olas, finalmente pude largar. O reloginho já contava 15 segundos (mas só começa a contar pra mim quando o chip que eu carregava passasse por ali) quando eu finalmente atravessei a linha do início.

O começo é bem confuso. Tem muita gente, muito ritmo de corrida misturado, então eu decidi avançar e tomar distância. Zigue-zagueando, eu comecei a acelerar e a cortar boa parte do pessoal que tava na minha frente, até o ambiente ficar mais calmo.

A animação do pessoal é contagiante. Você ignora qualquer cansaço, sono, calor... qualquer coisa de ruim vai embora. Você só pensa em correr, correr e dar o seu melhor ali. É você contra você mesmo. Não tem ninguém competindo para ser mais rápido do que você. Por isso eu achei tão divertido. Naquele momento, mesmo tendo centenas de pessoas correndo na minha volta, eu sabia que o duelo era contra eu mesmo. E, por isso, eu tinha que me esforçar muito para me superar.

A adrenalina nesse começo é enorme e eu aproveitei para colocar um ritmo mais forte.

Vou falar que, no começo, eu tava tão pilhado que via pessoal distribuindo água e falava "dane-se essa p*rra! Vou correr que nem um monstro!". Depois de mim mesmo, acho que o pior inimigo era o sol. Quando eu percebi, eu já tava nos 3 km, fazendo a curvinha, com o pé pegando fogo e ainda muito animado.

Essa parte do meio da prova foi o mais complicado. O cansaço já vinha e o sol começava a atrapalhar. Lerdar? Jamais! Não parei de correr um único instante e finalmente decidi pegar um copinho d'água. Me senti um profissional dando um gole, jogando o resto na cara e depois isolando o copo pro canto da pista!

O tempo foi passando e chegaram os 4 km. Faltavam 500m... 400m... 300m...

Nessa hora eu pensei "hora de pegar energia pro sprint final!" e, quando faltavam 100m, eu disparei que nem um maluco, juntando toda a força que me restava. Naquele momento eu só queria correr o masi rápido que conseguisse. Teve um cara do meu lado que começou a sprintar também, mas eu pensei "AQUI NÃO RAPAZ. SPRINT MAIS RÁPIDO SERÁ O MEU!" e botei ainda mais velocidade. Cruzei a linha de chegada bem exausto, mas, quando vi o tempo lá em cima, marcando uns 24:30 minutos, fiquei muito feliz com o meu desempenho. Para quem tinha treinado fazer por volta de 27 min, eu tava indo melhor do que eu esperava.

Ver onde o esforço pode nos levar é sempre uma excelente sensação!

Já estou animado para correr as próximas corridas!

sábado, 1 de dezembro de 2012

Asas da Liberdade

Asas da Liberdade


Aquele era um excelente dia para os seus planos. Seus olhos negros fitavam o céu azul, enxergando as pouquíssimas nuvens brancas que dividiam espaço com o grande e dourado sol. Podia sentir os raios do astro rei aquecendo o seu rosto, como o leve toque de uma donzela. O vento soprava calmamente, fazendo-o se sentir bastante confortável. Levou a mão até o emaranhado de cabelos negros em sua cabeça, sentindo o efeito da água salgada neles. Seus ouvidos percebiam o barulho das ondas chocando-se naquele velho cais, assim como o barulho da madeira rangendo. Nem sentia o seu corpo balançando de um lado para o outro, junto com o mar.

- Capitão Pidgeon, toda a carga foi colocada na embarcação! Falta apenas essa parte que você está em cima! - A conhecida voz daquele marujo soou. John fitou-o de cima das grandes caixas de madeira que estava sentado, abrindo um sorriso e revelando os seus dentes meio amarelados pela não tão boa higiene mas igualmente amarelados por causa do rum.

Sem falar mais nada, colocou-se de pé, botando mais uma vez o seu desproporcional sobretudo vermelho por cima do corpo, antes de, em um único salto, sair de cima da caixa. Caiu no chão com leveza, mas fez bastante barulho ao se chocar na madeira do pier e, por um momento, pensou que ela quebraria.

- Certo, certo. Pode colocar o restante na embarcação. Avise-me novamente quando vocês tiverem terminado. - Respondeu calmamente, exibindo um pequeno sorriso ao marujo. Sua voz era firme, mas falava devagar, sem pressa alguma. A verdade era que John Pidgeon era bastante novo, para o trabalho que ele fazia.

Não devia ter mais do que os seus vinte e seis anos, mas os seus traços faziam-no parecer até alguma coisa mais novo. De fato, se não fossem as vestimentas de Pidgeon, ele seria apenas um jovem arruaceiro. O fato era que era um jovem arruaceiro que gostava bastante de rum. Um capitão aprendiz, um jovem pirata... como ele se autodenominava se diferenciava de acordo com o momento. Era estranho ver como um marinheiro já experiente podia ter aquela aparência tão naturalmente jovial.

Era alto, porém. Devia ter próximo de dois metros de altura, pesando por volta dos noventa quilos. Seu cabelo era negro e bagunçado, difícil de pentear porque constantemente ele mergulhava na água salgada e não se importava muito com a própria higiene. Por baixo daquela camisa e calça negras e do sobretudo vermelho, John escondia um corpo bem definido, mãos calejadas e alguns tipos de cicatrizes que um pescador podia arranjar ao longo da sua vida. Orgulhava-se daquela que mostrava marcas da sua batalha contra o "Peixe-Espada da Lâmina Sangrenta". Era um homem do mar, um homem de sal. Sua vida era sempre navegar. Além disso, exalava naturalmente um cheiro de rum que se misturava com o cheiro do mar. Alguns, inclusive, lhe chamavam de "John Fígado de Aço" ou "Capitão Rum". Ele até gostava da reputação que tinha - ou simplesmente não se importava o suficiente.

Respirou profundamente, avistando a beleza que era a sua embarcação. Sim, claro, ele praticamente vendeu um rim para obtê-la. Sim, claro, ele estava atolado em dívidas. Mas, sim, claro, aquele era o seu barco, a sua moradia, a sua propriedade. Os tempos eram difíceis, mas ele havia decidido arriscar. Havia decidido navegar, mais uma vez. Desde que sua última embarcação havia sido destruída em uma tempestade e ele havia perdido quase tudo, ele teve que recomeçar. Reconstruir.

Havia decidido seguir uma velha ideia. Navegar pelo mundo, viajar para todos os lugares, sem rumo. Mas, para isso, precisava de dinheiro. Tinha que fazer negócios. Tinha que enxergar oportunidades. Portanto, precisava reunir o grupo de pessoas com o mesmo sonho que o dele, com os mesmos objetivos. Juntos, poderiam aproveitar a companhia um do outro - mesmo que temporária - para lucrar e crescer.

Asas da Liberdade, esse seria era o nome do seu novo navio. Asas que o permitiriam voar. Mas, na Asa, ainda faltavam as Penas. Estava praticamente sozinho. Precisava encontrar uma nova tripulação. Precisava encontrar novos amigos. Apenas junto de outras pessoas, ele sabia, a Asa poderia ter penas suficientes para voar. Cada uma delas era importante e precisavam trabalhar juntas, em harmonia.

E encontrar pessoas potencialmente leais era uma tarefa complicada. Ele havia conseguido juntar um pequeno grupo para ajudar a embarcar as mercadorias, mas eles não o ajudariam na navegação. O pequeno barco que possuía podia ser operado por uma pessoa só, mas o companheiro de viagem era uma coisa importante, para evitar o tédio e os perigos do oceano.

- Onde está aquele maldito bardo? - Pensou, respirando profundamente. Seus olhos fitaram os "marujos" colocando as mercadorias na embarcação. Faltavam apenas alguns minutos antes de partir. E o seu companheiro de viagem ainda não havia aparecido. Malditos fossem os bardos e as suas lorotas.