quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Turma de Eletrônica

Engenharia Eletrônica e de Computação. Esse é o meu curso no "Fundão" (vulgo UFRJ). Posso dizer que somos alguma coisa parecida com a Engenharia Elétrica, mas decidimos nos especializar em circuitos eletrônicos... Acho que, no fim, ao invés de trabalhar "na brutalidade" (com kilovolts, bobinas girando e arcos voltaicos no laboratório), decidimos fazer as coisas "com elegância" (sistemas sensíveis, lá na ordem de apenas alguns volts), além de termos alguma coisa voltada para Computação. Eu realmente não sei bem qual é a diferença. Gosto de dizer, porém, que a Eletrônica é um dos cursos mais difíceis (é verdade!). O que o pessoal tem "normal", nós costumamos ter a "versão Hardcore da Eletrônica" (e "Eletrônica" e "Hardcore" é pleonástico!).

Posso falar que, na UFRJ, segundo o próprio coordenador do curso, a Eletrônica é a Engenharia com a maior base matemática e maior número de aulas práticas. Sabe qual o significado disso? Sofrimento e... diversão! Sim, ter uma base matemática forte pode ser muito complicado, se você não gostar tanto assim. Pessoalmente, eu gostaria de entender mais do que eu entendo, mas também tenho um limite de "que porr* é essa?" quando as coisas começam a ficar alucinadas demais. Sobre a parte prática... é trabalhoso no começo, meio e fim. Tudo quebra, tudo queima. Inclusive, você pode ganhar uma marca permanente se algum amiguinho seu decidir encostar um CI (vulgo chipzinho) no seu braço. Fatos verídicos.

Isso não quer dizer que precisamos ver as coisas necessariamente por uma perspectiva ruim: Saber "matemática" pode ser útil para encarar as matérias que vem pela frente (ainda mais quando aparecem uns malucos para aloprar) e ter aula prática é útil justamente para não ficar com a bunda na cadeira o dia todo (mesmo que as coisas queimem, elas até que são legais quando funcionam!).

Entretanto, todo semestre eu me pergunto (ainda mais quando a coisa começa a ficar séria e o tempo curto): O QUE RAIOS EU TÔ FAZENDO AQUI?

Cada dia eu descubro mais a resposta: Até que eu gosto da Eletrônica!

No começo... era bem chato. Cálculo I (com que professor? Odeio aquele cara, nunca deu uma aula de gente e eu, calouro-noob, não troquei de turma e quase repeti por causa disso), Física I (professor se achando o tal), Química (primeira aula que eu dormi na VIDA!), Computação I (mestre dos magos...), Física Experimental I (tranquila, até!) e a infame "Humanidades e Ciências Sociais" (bo-ring!). Mas também tinha a parte legal. Era um mundo novo, pessoas novas para conhecer... pena que não tivemos um "trote" para interagir o pessoal. Bem que os veteranos no começo me pareceram... toscos.

Mas o tempo passa, o tempo voa. E, com aquela turma (ou pelo menos o pessoal que sobrou) passamos todos pelos mesmos problemas e pelos mesmos desafios. Computação II (a nota que vem cedo), Físicas e Cálculos (sempre simples), Circuitos Lógicos (e a sua correção 0 ou 1 sobre 10!), Circuitos Elétricos (não com o professor tranquilo, mas com o carrasco!), para citar algumas coisas. Eu poderia gastar tempo aqui falando o que aconteceu cada uma dessas matérias, mas digamos que todas elas tem histórias bem divertidas para falar, mas excessivamente longas e cheias de piadas internas. Deixe-me resumir: Apesar das dificuldades, cada passo confirmava a determinação de seguir um curso e um caminho. Ou pelo menos as piadas que se formavam - e as personalidades estranhas de cada um dos professores - de algum modo cativaram um carinho pelo curso.

Pode ter sido chato, insuportável, trabalhoso? Sim, provavelmente foi. Mas todo mundo andou e passou. Todo mundo (ou a maioria) conseguiu continuar.

A parte boa disso é que, no fim, você pode acabar falando com a maioria. Os problemas surgem e você percebe que, como tá todo mundo no mesmo barco, a troca de informações acontece em todas as direções. Cada um sabe uma coisinha e, falando, acaba ajudando o outro que não entendia aquela parte. As provas antigas (artefato essencial na faculdade) são distribuídas como água (na teoria). Sem contar a xerox do caderno daquele cara estudioso, essencial para aprender em 3 horas o que tu tinha que ter aprendido em 3 meses! Uma situação complicada une as pessoas.

Não foram poucas as vezes que tava todo mundo ferrado com a matéria, mas fazíamos piadas da nossa própria "desgraça" para aliviar. Parte ruim nisso? Nenhuma! Os trabalhos complicados eram "colados" um dos outros e eu me peguei várias vezes fazendo "pesquisa de opinião" sobre os trabalhos. Eu, pessoalmente, nunca me juntei com o pessoal para estudar alguma coisa - acho que rendo melhor fazendo sozinho - mas sempre os "usei" para tirar minhas dúvidas.


Então, de certo modo, sair para viajar agora e vendo que eles vão continuar (talvez aos trancos e barrancos) o caminho deles enquanto eu vou fazer algo diferente, me fez perceber que eu achava essa turma bastante legal. Não temos (muita) gente chata e insuportável. Logo, posso dizer que gosto dessa turma e sentirei falta de assistir aula com eles (mesmo que eu ficasse dormindo em algumas delas, hehe).

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